Por Paul Carrel e John O'Donnell
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) manteve o custo do empréstimo nesta quinta-feira e deve anunciar um plano para comprar títulos governamentais com novo dinheiro, recorrendo à última grande ferramenta para injetar vida na economia da zona do euro.
"Mais medidas de política monetária serão comunicadas pelo presidente do BCE (Mario Draghi) na entrevista à imprensa que começa às 14h30 CET de hoje (11h30, horário de Brasília)", informou o BCE em comunicado após anunciar a decisão sobre os juros.
As expectativas do mercado são bastante altas para o BCE apresentar um programa de larga escala de "quantitative easing" (QE) --impressão de dinheiro para comprar títulos soberanos-- apesar da oposição do banco central da Alemanha e de preocupações em Berlim de que isso reduza a pressão sobre países gastadores para implementarem reformas econômicas.
Uma fonte da zona do euro afirmou na quarta-feira que a Comissão Executiva do BCE propôs que o banco compre 50 bilhões de euros (58 bilhões de dólares) em títulos por mês a partir de março.
O ex-membro do BCE Athanasios Orphanides afirmou que a ação já deveria ter sido tomada há tempos. "O BCE já deveria ter embarcado no QE", disse ele. "Agora que a situação se deteriorou, o BCE terá que fazer muito mais."
Incertezas cercam a duração do programa proposto. O Wall Street Journal noticiou que o programa terá duração mínima de um ano, enquanto a agência de notícias Bloomberg informou que as compras de ativos vão até o final de 2016.
O BCE não comentou qualquer uma das notícias.
A duração é significativa. Um programa que comece em março e dure por um ano terá um volume total de 600 bilhões de euros, levando em conta a compra de 50 bilhões de euros por mês. Se um plano similar durar até o final de 2016, vai ultrapassar 1 trilhão de euros.
Na reunião desta quinta-feira, o BCE deixou inalterada sua principal taxa de refinanciamento, que determina o custo do crédito na economia, em 0,05 por cento.
Também manteve a taxa de depósito em -0,20 por cento, o que significa que os bancos pagam para deixar fundos no banco central, e a taxa de empréstimo em 0,30 por cento.
Os preços ao consumidor na zona do euro passaram a cair no mês passado, recuando 0,2 por cento, bem abaixo da meta de inflação de pouco menos de 2 por cento.