FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) não deveria começar a tolerar uma inflação mais alta sob seu novo arcabouço de política monetária, já que isso pode ser visto como um sinal de que está tentando financiar governos endividados, disse nesta quinta-feira Jens Weidmann, que integra o time de formuladores de política monetária do BCE.
Esse grupo está no meio de um debate sobre uma nova estratégia, com muitos agora apoiando a ideia de deixar a inflação ultrapassar 2% por um tempo, depois de a taxa ter ficado abaixo desse nível na maior parte da década passada.
Mas Weidmann, que chefia o Bundesbank, banco central alemão, e há muito alerta que as compras maciças de títulos de governos pelo BCE podem confundir os limites entre política monetária e fiscal, rejeitou essa abordagem.
"Ficar quieto quando a taxa de inflação ultrapassa o nível da meta (do BCE) no médio prazo pode ser mal interpretado... como uma tentativa da política monetária de colocar a sustentabilidade das finanças públicas acima da meta de estabilidade de preços", disse ele em discurso.
"Isso pode dificultar ainda mais a ancoragem das expectativas de inflação."
Weidmann também reafirmou sua oposição a uma meta de inflação média, como o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, está fazendo, dizendo que seria difícil de comunicar e doloroso de implementar.
Em vez disso, Weidmann disse que o BCE deveria definir sua meta de inflação em 2% e vê-la simetricamente, o que significa que qualquer alta acima do objetivo seria levada tão a sério quanto uma inflação abaixo da meta.
(Por Francesco Canepa)