Por Sinéad Carew
NOVA YORK (Reuters) - A evidência de que a inflação elevada está contaminando a economia está gerando calafrios nos investidores, depois que números das principais varejistas dos Estados Unidos mostraram redução no consumo de itens mais caros e que geram maior margem de lucro para as empresas.
Os investidores derrubaram em quase 25% as ações da Target na quarta-feira, após o lucro da empresa cair pela metade, à medida que a varejista teve que reduzir os preços de itens mais caros, enquanto os papéis do Walmart (NYSE:WMT) cederam mais de 17% desde a divulgação de resultados fracos na terça-feira.
Os números da Target revelam que os consumidores gastaram mais em alimentos e utensílios domésticos essenciais em vez de itens não essenciais que geram maior margem de lucro, enquanto o Walmart mostrou que os clientes passaram a comprar itens básicos de margem mais baixa.
No mais recente desenrolar desse movimento, a Kohl's Corp (NYSE:KSS) cortou sua projeção de lucro para 12 meses nesta quinta-feira.
"As varejistas estão começando a revelar o impacto da erosão do poder de compra do consumidor", disse Paul Christopher, chefe de estratégia de mercado global do Wells Fargo (NYSE:WFC) Investment Institute, no mesmo dia em que o banco projetou uma leve recessão entre o final do ano e o início de 2023.
"O poder de compra do consumidor está se desgastando em um ritmo mais rápido do que há um ou dois meses. Acreditamos que esse ritmo vai acelerar ainda mais", disse ele.
Para Eric Johnston, chefe de derivativos de ações e multimercado da Cantor Fitzgerald, "os números (Walmart/Target) são muito preocupantes, pois mostram que o consumidor está reduzindo as compras discricionárias enquanto as margens das empresas retornam aos níveis pré-pandemia".
Embora os investidores estejam preocupados há algum tempo com a inflação, os últimos resultados reforçaram preocupações com impacto da inflação no consumidor, disse Ryan Detrick, estrategista-chefe de mercado da LPL Financial.
Chuck Carlson, diretor executivo da Horizon Investment Services, afirma que os resultados das varejistas parecem ser potencialmente "mais uma indicação de talvez uma desaceleração na economia".
"Eu só me pergunto se as pessoas estão realmente começando a ser pressionadas pelos custos do combustível –tanto as empresas quanto os consumidores…quando você está pagando mais de 5 dólares por um galão de gasolina, isso é uma porrada e uma porrada para todos", disse Carlson.
(reportagem adicional de Svea Herbst-Bayliss, em Boston; Lewis Krauskopf, em Nova York; e Medha Singh, em Bengaluru)