Por Tatiana Bautzer
SÃO PAULO (Reuters) - A mineradora Samarco "não está à venda", disseram nesta segunda-feira as proprietárias da joint venture, Vale (SA:VALE3) e BHP, após notícia de que a CSN (SA:CSNA3) estaria interessada no ativo.
As empresas reafirmaram ainda o apoio ao plano de reestruturação protocolado pelos sindicatos de empregados da Samarco e outros credores em 18 de maio.
"Ambos acionistas estão focados nos preparativos para a audiência de conciliação amanhã e em garantir a sustentabilidade da Samarco e sua responsabilidade com os esforços de reparação, que não são endereçados pelo plano dos credores", disseram as empresas em nota.
A CSN está elaborando uma oferta de aquisição da Samarco, que será apresentada ao juiz do tribunal de falências que supervisiona a reestruturação da dívida da mineradora, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto.
A CSN contratou a empresa de reestruturação RK Partners para elaborar proposta para comprar o controle da Samarco, disseram as fontes, pedindo anonimato para divulgar discussões privadas.
Uma das pessoas disse que a Vale já afirmou à CSN que não está interessada em vender a Samarco.
A RK Partners está entrando em contato com os donos da Samarco, a Vale e a BHP, assim como com sindicatos e credores financeiros, disse a fonte.
Um acordo pode não ser fácil, segundo a fonte, devido aos passivos da Samarco relacionados ao desastre de 2015 na cidade de Mariana (MG).
Acionistas que se comprometeram a pagar pelos danos podem resistir a qualquer proposta de abrir mão do controle de operações enquanto mantém essa responsabilidade.
O juiz que supervisiona a falência da Samarco marcou para terça-feira uma audiência de mediação entre dois grupos que apresentaram propostas concorrentes de reestruturação, uma liderada por credores e outra pelos sindicatos com o apoio da Vale e da BHP.
De acordo com um documento arquivado pela Samarco no tribunal de falências e visto pela Reuters, a mineradora está pedindo ao juiz de falências que rejeite o plano proposto pelos credores por "inconsistências".
Os advogados da Samarco dizem que a redução de 96% na dívida de 23 bilhões de reais junto a credores está sujeita a impostos e criaria um passivo fiscal de 1,5 bilhão de dólares que não foi avaliado no plano. Representantes dos credores não comentaram imediatamente o assunto.
Em nota, o grupo de credores disse que a análise da Samarco sobre o plano é incorreta e afirmou que a redução da dívida não criará passivo tributário.
(Por Tatiana Bautzer)