Por Catarina Demony e Sergio Goncalves
LISBOA (Reuters) - A bilionária angolana Isabel dos Santos, filha do ex-presidente do país africano José Eduardo dos Santos, decidiu vender sua participação no banco português Eurobic, afirmou a instituição financeira nesta quarta-feira.
O banco fez o anúncio pouco após a agência de notícias portuguesa Lusa reportar que procuradores angolanos haviam nomeado dos Santos como suspeita formal de má gestão e desvio de verbas enquanto era presidente da petrolífera estatal angolana Sonangol.
A Lusa citou o procurador geral de Angola, Hélder Pitta Grós, que disse em entrevista coletiva na capital angolana Luanda que a bilionária não havia demonstrado qualquer interesse em colaborar com as autoridades angolanas.
Isabel dos Santos, que dirigiu a Sonangol entre junho de 2016 e novembro de 2017, acumulou fortuna durante as décadas em que seu pai esteve na presidência do país, e não foi encontrada para comentários, mas tem negado qualquer irregularidade.
O jornal português Expresso disse que outras pessoas ligadas a dos Santos também foram citadas como suspeitos formais incluindo Mário Leite da Silva, presidente do Banco de Fomento Angola. Silva não foi encontrado imediatamente para comentário.
Em Portugal, Isabel dos Santos possui participações em várias grandes empresas, incluindo a NOS e a empresa de petróleo Galp Energia.
Em comunicado, o Eurobic afirmou que a venda da participação de 42,5% da empresária já foi iniciada e que a decisão dela "é final". A instituição afirmou que a saída de Isabel dos Santos vai ocorrer "assim que possível" e que o banco central de Portugal já foi informado da decisão.
Centenas de milhares de arquivos sobre Isabel dos Santos obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos foram publicados por várias organizações de mídia no domingo. As notícias se concentraram sobre esquemas financeiros fraudulentos que teriam sido utilizados pela empresária para erguer seu império de negócios. Ela afirmou no domingo que as alegações contra ela eram "completamente infundadas".
Autoridades angolanas congelaram os ativos da empresária no país africano no final de dezembro após as denúncias dos promotores de que ela e o marido Sindika Dokolo desviaram pagamentos de mais de 1 bilhão de dólares da Sonangol e da estatal Sodiam para empresas onde possuem participações. Isabel dos Santos e Dokolo negam as acusações.
(Por Catarina Demony e Sergio Gonçalves)