Por Pamela Barbaglia e Jessica Toonkel
LONDRES/NOVA YORK (Reuters) - O grupo de private equity Blackstone fez uma ousada aposta no setor de informações financeiras de Wall Street nesta terça-feira com a compra de participação majoritária na divisão Financial and Risk da Thomson Reuters.
O acordo, anunciado pelas empresas em comunicado, é a maior aposta da Blackstone desde a crise financeira internacional. O co-fundador Stephen Schwarzman enfrentará o companheiro bilionário e o ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, cujos terminais homônimos são o líder do mercado no fornecimento de notícias, dados e análises a operadores de mercado, executivos e investidores.
O negócio envolve a compra pela Blackstone de uma fatia de 55 por cento da divisão F&R. A Thomson Reuters manterá participação de 45 por cento e receberá aproximadamente 17 bilhões de dólares, incluindo cerca de 3 bilhões em dinheiro e 14 bilhões de títulos e ações preferenciais emitidas pelo novo negócio, disseram as empresas.
O Conselho de Investimento do Plano de Pensões do Canadá e o fundo GIC de Cingapura investirão junto com a Blackstone, mas a declaração das companhias não especificou o tamanho de suas participações. O fundo de pensão canadense não quis comentar. O GIC não pode ser imediatamente alcançado.
A nova parceria será gerida por um conselho de 10 pessoas composto por cinco representantes da Blackstone e quatro da Thomson Reuters. O presidente do negócio servirá como membro sem direito a voto do conselho após o encerramento da transação. As empresas não disseram quem seria essa pessoa.
As conversas para venda do negócio para a Blackstone, começaram em meados do ano passado, disseram duas fontes familiarizadas com as negociações.
O maior ponto de discussão durante as negociações foi o que a parceria significaria para a Reuters News, agência de notícias internacional que fornece conteúdo para o terminal Thomson Reuters Eikon, disseram duas fontes, que falaram sob anonimato.
Segundo as empresas, a Thomson Reuters e a Thomson Reuters Founders Share, que supervisiona a independência editorial da Reuters desde que a empresa foi listada em bolsa pela primeira vez na década de 1980, concordaram em "modificações conseqüentes" nos Trust Principles, conjunto de princípios que orientam a atuação da divisão de notícias.
Uma fonte a par do assunto disse que não haveria nenhuma mudança no compromisso da Reuters News com a "independência", "livre de preconceitos" e com o fornecimento de "notícias confiáveis" de acordo com os Trust Principles.
Kim Williams, presidente da Thomson Reuters Founders Share Company, não estava disponível para comentários imediatos.
Pelos termos do acordo, a Reuters News seguirá parte da Thomson Reuters, juntamente com as divisões Legal and Tax and Accounting.
A nova empresa F&R efetuará pagamentos anuais mínimos de 325 milhões de dólares para a Reuters para garantir o acesso ao seu serviço de notícias, montante equivalente a quase 10 bilhões de dólares. A diretora financeira da Thomson Reuters, Stephane Bello, disse em teleconferência com investidores que o pagamento representa o que a F&R costumava alocar para a Reuters News.
A Reuters também obtém receita vendendo notícias para emissoras de televisão, sites, jornais e outras organizações de mídia em todo o mundo. Em 2016, a Reuters registrou receita de 304 milhões de dólares em seu negócio de mídia.
A Thomson Reuters espera que a transação seja concluída no segundo semestre deste ano.
A Thomson Reuters disse que usará a maior parte dos 17 bilhões de dólares da transação, 9 bilhões a 11 bilhões, para recomprar ações numa oferta para todos os acionistas no fim da transação. A companhia informou ainda que usará os recursos para pagar dívidas e investir na divisão Legal and Tax and Accounting e fazer aquisições seletivas.
A Woodbridge, veículo de investimento da família canadense Thomson, e o principal acionista da Thomson Reuters, vai participar da oferta. A Woodbridge pretende manter sua participação de 50 a 60 por cento na Thomson Reuters, segundo o comunicado.