Investing.com – Wall Street operou em queda durante o meio da manhã do pregão desta terça-feira, com os investidores realizando os lucros antes da incerteza sobre que políticas fiscais Trump começará a implementar quando assumir a Casa Branca nesta sexta-feira e os mercados de câmbio nos dois lados do Atlântico reagindo aos comentários políticos.
Às 15h01, no horário de Brasília, o Dow Jones caía 32 pontos, ou 0,16%, o S&P 500 recuava 4 pontos, ou 0,17%, enquanto o Nasdaq Composite, dos gigantes da tecnologia, registrava queda de 23 pontos, ou 0,42%.
O Dow apresentou ganhos de cerca de 9% desde o fechamento no dia das eleições, em um movimento chamado de "rali do Trump", com as altas sendo atribuídas à especulação de que o futuro presidente implementará uma série de medidas fiscais para reduzir impostos e fomentar o crescimento.
Contudo, pouco detalhes das tais políticas foram divulgados, e os participantes do mercado pareceram optar por embolsar os ganhos antes da posse no dia 20 de janeiro no terceiro pregão consecutivo de alta desta terça-feira, fazendo uma pausa e avaliando que medidas Trump implementará para estimular o crescimento econômico nos primeiros 100 dias como presidente.
"As bolsas mostraram tendência de alta nas negociações pós-Trump, mas sem um aumento proporcional nas estimativas de lucro por ação para as empresas do S&P 500", alertou a The Earnings Scout (ES), provedora de análise de tendência dos rendimentos.
"Aja com cuidado, não com deslumbre", recomendaram, destacando que, embora as 32 empresas do S&P que divulgaram os demonstrativos do quarto trimestre até o momento tenham registrado aceleração do crescimento, as "taxas de superação das expectativas foram menores e as estimativas estão caindo".
Nos relatórios de resultado desta terça-feira, as ações da Morgan Stanley (NYSE:MS) registraram retração de 3%, apesar de a empresa ter superado as expectativas tanto para o faturamento quanto para o lucro. Alguns especialistas atribuíram a desvalorização à realização de lucros, já que o banco havia disparado quase 29% no rali pós-eleições.
As ações da UnitedHealth (NYSE:UNH), que compõe o Dow, caíram quase 2% após previsões melhores do que o esperado. Novamente, os analistas sugeriram a realização de lucros como causa, com a seguradora de saúde enfrentando incertezas por conta da promessa de Trump de acabar com o Obamacare sem deixar claro como os americanos terão acesso a assistência médica.
Em um movimento direto fundamentado nos comentários de Trump, o dólar americano despencou à mínima de um mês frente a uma cesta de moedas importantes, após o novo presidente alertar que a moeda estava "forte demais", de acordo com um relatório do Wall Street Journal, publicado na última segunda-feira.
Anthony Scaramucci, membro sênior da equipe econômica de Donald Trump, reiterou esse sentimento nesta terça-feira, destacando os riscos de um dólar muito forte.
O índice dólar americano, que mede a força da recuperação frente a uma carteira ponderada das seis principais moedas do mercado, recuou 1,05%, marcando 100,46, às 15h04, horário de Brasília.
Enquanto isso, Trump advertiu que a medida de ajuste das fronteiras, um dos pontos do plano dos republicanos de tributar importações e isentar exportações, é "muito complicada".
Na Europa, os mercados estavam refletindo sobre os comentários políticos sobre o Brexit, com a primeira-ministra britânica, Theresa May, definindo planos para a negociação de novos acordos comerciais para após a saída do país do mercado comum europeu.
A libra decolou quase 3% após os comentários da premiê, com os participantes do mercado os interpretando como uma inclinação para o chamado "Brexit brando", que pode pavimentar o caminho para acordos comerciais completamente novos que facilitariam a transição e contribuiriam com a economia britânica.
No mesmo momento, o petróleo se encontrava sustentado por um dólar mais fraco nesta terça-feira, o que barateou a commodity para os investidores que operam com moedas estrangeiras, além de um amplo otimismo de que os principais produtores estão cumprindo com a promessa de frear a produção, prevista no acordo de redução da oferta global.
Os contratos futuros do petróleo bruto americano avançaram 0,57%, marcando US$ 52,67, às 15h06, no horário de Brasília, enquanto que o Brent registrou leve queda de 0,02%, cotado a US$ 55,85.