BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil captou nesta quarta-feira 1 bilhão de dólares na reabertura de um bônus global com vencimento em janeiro de 2025, aproveitando o forte apetite por ativos brasileiros para reduzir o custo da dívida.
O título, que carrega um cupom de 4,25 por cento ao ano, saiu a 103,05 por cento do valor de face, garantindo ao investidor um rendimento de 3,888 por cento ao ano, informou o Tesouro Nacional.
A demanda por ativos do país tem crescido à medida que pesquisas eleitorais mostram chances menores de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), cujas políticas econômicas têm sido criticadas por investidores. A expectativa é que um novo governo adotaria uma política fiscal mais austera, o que levaria o valor de mercado da dívida do país.
O Tesouro inicialmente planejava vender de 500 milhões a 750 milhões de dólares na reabertura do bônus 2025, mas aumentou a oferta quando a demanda se aproximou de 5 bilhões de dólares, disse à Reuters uma fonte do governo com conhecimento da operação.
"Existe uma liquidez internacional por mais que haja expectativa de elevação dos juros nos Estados Unidos", disse.
A demanda forte também permitiu que o Tesouro reduzisse o retorno pago pelos bônus. E, de acordo com a fonte, que falou em condição de anonimato, o Tesouro não ampliou o volume da oferta por não haver necessidade de caixa para o financiamento da dívida externa brasileira.
"O objetivo com essa emissão é termos uma curva (de juros) bem definida para o papel de 10 anos, no caso o Global 2025, e também para o de 30 anos, o Global 2045, que foi emitido em julho", disse a fonte.
As estimativas iniciais de preço na operação eram de 160 pontos básicos sobre os títulos de referência do Tesouro dos Estados Unidos. Contudo, o título foi reaberto com um spread de 147 pontos básicos sobre os Treasuries norte-americanos.
A emissão de títulos soberanos é liderada por Morgan Stanley, BTG Pactual e Citigroup. A reabertura do Global 2025 ocorreu incialmente nos mercados europeu e norte-americano. O Tesouro informou que pretende captar até 50 milhões de dólares na reabertura do bônus no mercado asiático.
Com a operação realizada nesta quarta-feira, o estoque em mercado do Global 2025, que foi lançado originalmente em novembro de 2013, passa a ser de 4,250 bilhões de dólares, um volume considerado bom pelo governo para efeito de liquidez nas negociações do papel no mercado secundário.
Essa é a terceira captação externa do governo brasileiro em 2014.
A emissão soberana anterior ocorreu em julho, quando o Tesouro colocou 3,55 bilhões de dólares em um novo bônus Global 2045, usando parte dos recursos para recomprar 2 bilhões de dólares em bônus mais caros e com prazo entre 2024 e 2041.
O spread da emissão do Global 2045 foi de 187,5 pontos básicos, no maior prêmio pago pelo governo brasileiro desde julho de 2009 para títulos de 30 anos.
A primeira emissão de bônus do Tesouro neste ano ocorreu em março com o Global Euro 2021, que na ocasião teve spread de 165 pontos básicos acima do MidSwap de sete anos. O total emitido naquela ocasião foi de 1 bilhão de euros.
(Por Luciana Otoni,Alonso Soto e Walter Brandimarte)