Lima, 11 nov (EFE).- A presidente Dilma Rousseff e o presidente do Peru, Ollanta Humala, decidiram nesta segunda-feira impulsionar a integração e o comércio durante a visita oficial a Lima da governante por ocasião do décimo aniversário da aliança estratégica entre os países.
Dilma chegou hoje à capital peruana em sua quarta visita ao país durante o mandato de Humala (2011-2016) para uma reunião no Palácio de Governo com seu colega peruano e uma delegação de ministros das duas nações.
Em um breve discurso, Dilma destacou que a aliança estratégica entre Brasil e Peru é um "marco significativo de nossas relações", que produziu "um conjunto de projetos bilaterais implementados com resultados muito concretos para nossos povos".
A governante explicou que um dos documentos assinados hoje é um acordo para "a eliminação da cobrança de roaming (uso de telefone celular em outro país) nos municípios de fronteira".
Dilma destacou que "é a primeira vez que se estabelecem procedimentos para as chamadas de telefone fixo e móvel para a população com vulnerabilidades específicas" e que poderá servir de modelo para outros acordos deste tipo na América do Sul.
A aliança estratégica entre Peru e Brasil tem uma agenda de 24 pontos, entre os quais se destacam a integração física e econômica por meio de projetos de infraestrutura viária, energética e portuária.
Entre os projetos realizados, Dilma reconheceu os "enormes benefícios da estrada interoceânica, que levaram comércio, turismo e desenvolvimento aos estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso, e a Arequipa, Cuzco e Madre de Dios no Peru".
Além disso, a governante informou que os países seguirão avançando na criação de novos eixos de integração, como a estrada entre o porto peruano de Paita, no oceano Pacífico, e Yurimaguas, na Amazônia, e deste ponto a Manaus por meio de hidrovias.
Dilma decidiu com Humala combater as redes de traficantes de pessoas, como o caso dos haitianos, que ingressaram ao Peru nos últimos meses e foram levados à fronteira com o Brasil para entrar clandestinamente no país.
A presidente disse que os haitianos são "muito bem-vindos" em seu país e que não quer que "sejam vítimas de coiotes, que lhes cobram para que possam ingressar".
Por sua parte, Humala declarou que hoje é um dia transcendente porque se fortalece a relação estratégica com o Brasil e foram assinados acordos para delinear o caminho para avançar nesta associação.
O chefe de Estado peruano reconheceu o grande avanço em política social no Brasil e acrescentou que é importante para seu país a troca destas experiências com os ministérios a cargo destes programas.
Dilma lembrou que a esposa de Humala, Nadine Heredia, a visitou em Brasília, após a posse de seu cônjuge em 2011, para conversar sobre os programas sociais brasileiros.
Algumas das alianças discutidas hoje pelos líderes foram sobre a produção de remédios contra a malária e a tuberculose, cooperação na área de ciência e tecnologia, e integração das indústrias navais, comentou Dilma.
Por sua parte, Humala informou à brasileira sobre um conjunto de projetos de infraestrutura e de investimento nos quais seu governo está comprometido nas áreas de petroquímica, transporte público, energético, ampliação de fronteira agrícola, integração de banda larga, roaming e modernização de portos.
"Estamos pondo regras claras para que venham os investimentos do Brasil" em condições de reciprocidade, disse Humala.
Dilma indicou que, de janeiro a setembro deste ano, as exportações do Peru ao Brasil cresceram mais de 50% e que o país terminará o ano como terceiro parceiro comercial do Peru.
Segundo números oficiais do Peru, as exportações peruanas para o Brasil ascenderam a US$ 1,165 bilhão de janeiro a agosto deste ano, enquanto o Peru importou US$ 1,493 milhões bilhão.
Humala entregou a Dilma a condecoração Ordem do Sol no grau de grande cruz com brilhantes, antes de se despedir na sede do Executivo.
Nas próximas horas, a presidente será recebida na prefeitura de Lima pela prefeita Susana Villarán para ser declarada visitante ilustre e mais tarde inaugurará um fórum empresarial com Humala com a participação de homens e mulheres de negócios dos dois países. EFE
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