📖 Guia da Temporada de Balanços: Saiba as melhores ações escolhidas por IA e lucre no pós-balançoLeia mais

Brasileiras trazem ONG ao país para apoiar mulheres na carreira de finanças

Publicado 09.12.2019, 13:28
Atualizado 09.12.2019, 13:37

Por Paula Salati

Investing.com - Mulheres brasileiras da área de finanças começaram a se mobilizar para tornar este mercado mais acessível à participação feminina.

No final de novembro (28/11), cerca de 90 mulheres do setor se reuniram na cidade de São Paulo para a primeira reunião do Brasil da organização não-governamental (ONG) 100 Women in Finance (100WF).

A ONG foi fundada nos Estados Unidos (EUA), em 2001, e hoje está presente em 24 países pela América do Norte, Europa, Ásia e Oceania. A atual diretora-executiva é americana Amanda Pullinger.

A reunião feita no Brasil é a primeira realizada na América do Sul e foi liderada pela diretora do CME Group Brazil para a América Latina (Latam), Paula Attie, a diretora-executiva da DMS, Francine Balbina, e a co-fundadora da Compliasset, Nicole Dyskant.

A organização foi fundada com o propósito de apoiar as mulheres de finanças em todas as etapas de suas carreiras, por meio da promoção de eventos, networking, educação e oportunidades de trabalho, explica a porta-voz oficial da 100WF, Sarah Dyer.

“Nós reconhecemos que a mulher ainda é pouco representada no mercado de finanças, especialmente nos cargos de direção, como CEO, CFO, além dos cargos de gestão de carteira de investimentos, analistas de investimentos, trader, etc”, afirma Dyer.

Ela diz que uma das metas da organização é fazer com que, até 2040, 30% dos cargos executivos e de decisão de investimentos sejam compostos por mulheres ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, essa parcela chega perto de 20%.

Dyer conta que os eventos promovidos, além do objetivo do networking, têm o intuito promover cursos e palestras para educar as mulheres, especialmente àquelas que estão em início de carreira ou no processo de escolher uma profissão.

Para ela, isso é importante para mostrar que a construção de uma carreira em finanças é possível, já que, muitas vezes, as mulheres se veem isoladas e sem referências de liderança neste mercado.

Segundo Paula Attie, a ideia de trazer a ONG para o Brasil surgiu da necessidade de reunir mulheres de todos os setores do mercado financeiro.

“Hoje em dia já existe diversos grupos dentro de cada banco. Porém, não havia ainda uma plataforma mais ampla para a troca de ideias, que reunisse mulheres de diferentes setores do mercado financeiro”, afirma Attie.

“As mulheres que atuam nos fundos de investimentos, por exemplo, ficam, geralmente, bastante isoladas. Portanto, a existência da ONG aqui no Brasil permite com que essas mulheres encontrem outras que estão na mesma situação que elas”, acrescenta Attie.

A diretora jurídica do banco JP Morgan, Patricia Sauma Giglio, chegou a passar um pouco por isso, quando começou a sua carreira, há mais de 20 anos atrás. Naquela época lhe faltavam referências de mulheres em cargos de liderança.

“Eu acabei dando sorte de ir para o JP Morgan, onde, na época, havia duas ou três mulheres com bastante influência, que foram uma inspiração para mim. Mas isso não era algo comum. Nós tivemos que criar modelos”, afirma Giglio.

“A construção de modelos está relacionado com o fato de que muitas mulheres se masculinizavam, agiam iguais aos homens para poderem se inserir. Hoje já entendemos, de certa forma, que não precisa ser assim. Podemos valorizar o que nós conseguimos fazer de diferente”, diz a diretora jurídica do JP Morgan.

Principais desafios da carreira

Giglio diz que o receio de não conseguir equilibrar tarefas domésticas e familiares com carreira é um dos principais desafios que as mulheres enfrentam ao optarem por uma profissão na área de finanças.

“Sabemos que ainda hoje muitas dessas responsabilidade recaem sobre as mulheres”, diz ela. “Para conseguir equilibrar o mundo doméstico com o mundo da carreira é preciso, por exemplo, trazer os homens para participar da rotina da casa. Isso é capaz de gerar um maior equilíbrio. Por isso que a questão da licença paternidade é muito importante. Se os homens começassem a tirar mais a licença paternidade, não deixando que a mulheres cuidem de tudo, no mínimo, elas podem deixar de sofrer tanto preconceito”, relata Giglio.

Atualmente, a legislação brasileira autoriza cinco dias de licença-paternidade, podendo esta ser estendida para 20 dias se a empresa aderir ao programa do governo federal Empresa Cidadã. Para o setor público, já é de 20 dias.

Para as mulheres, a licença-maternidade é de 120 dias, com extensão para 180 dias na Empresa Cidadã e setor público.

Para a diretora jurídica da JP Morgan, é importante que os profissionais do mercado financeiro comecem a aderir a esse direito para que uma mudança cultural mais profunda possa começar a acontecer.

Segundo Giglio, outro ponto relevante é que as empresas sejam mais flexíveis, tanto com as mulheres como com os homens, em relação ao horário de trabalho e ao home-office para que eles possam cuidar mais dos filhos em situação de maior necessidade.

Mesmo com todos os obstáculos, Giglio confia que o engajamento é capaz de fazer as mudanças acontecerem e diz que, apesar dos desafios, nunca pensou em desistir da sua carreira.

“Sempre quis trabalhar no mercado financeiro. Desde adolescente, eu sempre soube que era isso o que eu queria ser. Então eu fui pra guerra, não chegava a pensar muito na minha condição de mulher ali dentro, não dava muito tempo. Eu fiz o que tinha que ser feito para ser bem sucedida, me dediquei muito. E quando minha filha nasceu, eu passei a ser uma profissional muito mais focada e a ter um olhar mais cuidadoso para o outro. Isso é importante de relatar, porque muitas mulheres acham que, ao optar por essa carreira, não podem ser mães. Mas ser mãe é capaz de trazer outro olhar até mesmo para a profissão”, conclui Giglio.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.