Por Alberto Alerigi
SÃO PAULO (Reuters) - A maior petroquímica das Américas, Braskem (BVMF:BRKM5), avalia que a indústria global deve mostrar em 2024 sinais de recuperação de um período em que seus preços foram atingidos por excesso de capacidade e crescimento econômico lento, mas prevê que o cenário ainda será "desafiador", disseram executivos da companhia nesta terça-feira.
"A partir de 2024 esperamos uma recuperação em termos de cenário internacional dos spreads, com maior equilíbrio entre demanda e oferta global", disse o presidente-executivo da Braskem, Roberto Bischoff, em apresentação a analistas.
O executivo se referiu à diferença entre os custos de matérias-primas e os preços cobrados pelas petroquímicas por produtos como polipropileno e outros usados na cadeia do plástico.
"A recuperação não será acelerada, não será igual em todos os produtos", acrescentou o executivo. "O ano de 2024 ainda representará um desafio."
Nos 12 meses até o terceiro trimestre, a Braskem teve lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente de 500 milhões de dólares, um terço do obtido em 2019, um dos piores anos do setor.
A queda no resultado tem pressionado os níveis de alavancagem da companhia, com duas das principais agências de rating -- Fitch e S&P -- colocando a companhia em perspectiva negativa sobre seu grau de investimento.
Questionado durante a apresentação, o vice-presidente financeiro da Braskem, Pedro Freitas, afirmou que a companhia não tem preocupação com sua liquidez, com um caixa total de 3,4 bilhões de dólares ao final de setembro, reforçado por uma captação de 850 milhões em títulos de dívida de sete anos em setembro, para deixar a empresa preparada para cenários até "piores que o conservador".
Porém, a alavancagem preocupa, disse Freitas. "Desalavancagem, é sim, ponto de atenção nosso", mas a expectativa da companhia é conseguir redução nos níveis de endividamento até o final do ano que vem.
A relação dívida líquida ajustada sobre Ebitda recorrente da empresa no final de setembro era de 12,2 vezes, ante 7,9 vezes em junho e 1,55 vez no terceiro trimestre do ano passado.
Questionado sobre a oferta do grupo petrolífero de Abu Dhabi Adnoc pela participação da Novonor na Braskem, anunciada em novembro no valor de 10,5 bilhões de reais, Freitas afirmou que a companhia não recebeu desde então novas informações.
O executivo comentou que uma abertura de due diligence "mais profunda" da Adnoc nos ativos da Braskem "ainda não começou" e que a da Petrobras (BVMF:PETR4), que divide o controle da petroquímica com a Novonor, "já está perto da conclusão".
Na frente de eventuais desinvestimentos, Freitas afirmou que a Braskem tem se mostrado mais aberta nos últimos anos a fazer parcerias e que novas operações do tipo são uma "possibilidade, mas não tem nada de concreto em andamento no momento".
ALAGOAS
Freitas disse que a Braskem espera concluir no início de 2024 as ações do plano de realocação e compensação de moradores de Maceió atingidos pelo afundamento de solo que obrigou a interdição de uma série de bairros da capital alagoana.
"No início do ano que vem, devemos concluir o PCF definitivamente", afirmou o executivo sobre o plano.
A Braskem provisionou 5,7 bilhões de reais para o PCF, dos quais já desembolsou 4,4 bilhões de reais.
O total provisionado pela companhia para os eventos relacionados ao afundamento do solo de Maceió é de 14,4 bilhões de reais, incluindo além do PCF ações como o fechamento de poços de mineração de sal e sócio-urbanísticas. Do total reservado no orçamento da companhia, 9,2 bilhões de reais já foram desembolsados, afirmou o executivo.
Até setembro de 2024, a Braskem tem provisionado 3,2 bilhões de reais, restando 2,4 bilhões para após o terceiro trimestre do ano que vem, período em que a empresa prevê concluir o fechamento dos poços e os projetos de mobilidade urbana na cidade.