Por Daniel Trotta
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Socorristas não devem encontrar mais sobreviventes do terremoto no México presos em ruínas, disse o chefe dos serviços de emergência, com nervosismo crescendo por conta da falta de informações entre parentes de uma estimativa de 40 pessoas ainda presas sob destroços.
Esta terça-feira marca uma semana desde que o tremor de magnitude 7,1 foi sentido por volta do horário do almoço, matando 331 pessoas, danificando 11 mil casas e levando diversos voluntários civis a auxiliar vítimas e familiares em luto.
Luis Felipe Puente, coordenador da Defesa Civil do México, disse à Reuters que socorristas irão continuar cavando com as mãos por destroços em não mais que quatro locais até quinta-feira.
“Posso dizer que neste momento é improvável encontrar alguém vivo”, disse Puente, considerando que cães especialmente treinados ainda vão captar o cheiro dos sobreviventes.
Dezenas de pessoas ainda estão desaparecidas, incluindo até 40 que podem estar presas entre um prédio desabado no bairro de Roma, na Cidade do México. Acredita-se que uma pessoa esteja desaparecida em cada um dos outros três locais na capital.
O México foi atingido por dois grandes terremotos neste mês e a atividade sísmica continuava nesta terça-feira, com o vulcão Popocatepetl, a sul da Cidade do México, arremessando uma nuvem de fumaça e cinzas de dois quilômetros para o céu, em sua terceira grande exalação nos dias recentes.
A série de desastres rapidamente se tornou política, com partidos se oferecendo para doar seus financiamentos públicos para auxílio de desastres e autoridades impacientes para se afastar de qualquer culpa por prédios que desabaram.
No prédio comercial, familiares protestaram durante a noite, cada vez mais nervosos por conta do lento progresso no local na recuperação dos corpos e pela falta de informações, que alimentou a profunda falta de confiança de mexicanos nas versões oficiais dos eventos.
“Eles não nos dão qualquer informação. É a mesma coisa todo dia. Todo dia eles nos dizem para esperar e esperar. Eles retiraram diversos corpos, mas não nos dizem para onde levam, onde eles estão”, disse Jovita Villegas, de 62 anos, cuja sobrinha, uma contadora, talvez estivesse no quarto andar quando o prédio comercial de seis andares desabou.
“Tudo que nós queremos é a verdade”.
Em um prédio contendo uma fábrica têxtil e outras oficinas no centro da capital, um espontâneo memorial de flores, cartas e grafites também refletiu a falta de confiança nas autoridades.
“A vida de uma costureira vale mais do que suas máquinas. Justiça!”, dizia uma mensagem pintada em uma porta quebrada no local, onde destroços do prédio foram removidos dentro de dias, enfurecendo familiares que queriam uma investigação sobre o que aconteceu.
No entanto, outros no bairro de Roma disseram reconhecer que o trabalho era difícil e elogiaram as forças armadas e voluntários que trabalharam dia e noite por uma semana cavando em busca de vítimas.
(Reportagem adicional de Frank Jack Daniel)