SÃO PAULO (Reuters) - A maior exportadora de carne de frango do mundo, BRF (SA:BRFS3), teve prejuízo líquido de 784 milhões de reais no quarto trimestre de 2017, uma piora ante o resultado negativo de 442 milhões de reais registrado um ano antes.
A companhia afirmou que o aumento no prejuízo ocorreu diante de provisões excepcionais que incluíram um ajuste no valor realizável de estoques de 206 milhões de reais, além de 164 milhões "decorrentes de reforços de provisões de natureza cível e trabalhista".
"Em suma, dos 784 milhões de reais de prejuízo reportado no decorrer do quarto trimestre, 772 milhões são explicados" pelas provisões e outros itens que também consideram perdas de 58 milhões de reais registradas na Argentina, decorrentes de alterações tributárias no país.
A BRF teve geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 499 milhões de reais no quarto trimestre, queda de 13,4 por cento na comparação anual. A margem caiu de 6,7 para 5,6 por cento. Em termos ajustados, o Ebitda subiu 38,5 por cento, para 645 milhões de reais, e a margem passou de 5,4 para 7,2 por cento.
A companhia citou que elevou o volume de vendas no Brasil para 591 mil toneladas no quarto trimestre, expansão de 9,7 por cento sobre um ano antes, puxada por alta de 12 por cento nos produtos processados. Porém, o preço médio caiu 4,1 por cento no período, para 7,19 reais por quilo. Com isso, a receita líquida da empresa no Brasil subiu 5,2 por cento no período, para 4,24 bilhões de reais.
"Em virtude de um trimestre mais desafiador no mercado internacional, onde reportamos tanto queda de preço, especialmente no Japão, quanto de volumes, principalmente na Europa/Eurásia, vimos boa parte da melhor execução comercial do mercado interno e do Cone Sul serem compensadas", disse a empresa no balanço.
A participação de mercado da empresa no Brasil, que tem as marcas Sadia e Perdigão, na categoria frios voltou a cair, ficando em 53,7 por cento no quarto trimestre ante 57,1 por cento nos três últimos meses de 2016. Em embutidos, a fatia subiu de 35,9 para 40 por cento. Em pratos prontos, a empresa seguiu recuperando participação, encerrando o quarto trimestre com 59,5 por cento.
"Pelo terceiro trimestre consecutivo, a participação de mercado total da BRF cresceu. De acordo com a última leitura da Nielsen, a companhia atingiu 55,3 por cento de participação de mercado consolidada, um ganho de 0,7 ponto percentual na comparação trimestral", afirmou a BRF no balanço.
A BRF terminou 2017 com dívida líquida da 13,3 bilhões de reais ante 11,14 bilhões ao final de 2016. A relação dívida líquida sobre Ebitda passou no período de 3,25 vezes para 4,79 vezes.
"A companhia reconhece que o patamar atual de alavancagem está além do considerado ideal em termos de estrutura de capital e envidará todos os esforços para reposicioná-la entre 2,5 vezes e 3,0 vezes até o final de 2018", afirmou a BRF no balanço.
(Por Alberto Alerigi Jr.)