Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A BRF (SA:BRFS3) reportou nesta terça-feira um salto de 121% no lucro líquido do quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, após uma série de medidas para reestruturar suas operações na esteira de uma sequência de prejuízos.
A maior processadora de frango do país teve um lucro líquido de 690 milhões de reais de outubro a dezembro, apoiado em vendas fortes nos mercados doméstico e externo. A companhia também divulgou o primeiro lucro anual em quatro anos, de 1,213 bilhões de reais em 2019.
A BRF afirmou em comunicado que a "gestão forte e a execução excelente são essenciais para alcançar esses resultados."
Segundo o comunicado, a recuperação demandou a revisão dos fundamentos do seu negócio, o aumento do valor de suas marcas e melhorias em sua capacidade operacional.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou 1,413 bilhão de reais no último trimestre de 2019, alta de quase 68% ano a ano.
A companhia também divulgou alta na margem bruta em 2019, para 24,1% de 16,1% um ano antes, em parte devido a fortes vendas na Ásia e no Brasil, onde a receita líquida cresceu 7,4%, para mais de 5 bilhões de reais no quarto trimestre.
No segmento internacional, a BRF registrou crescimento de mais de 17% nas vendas, para 4 bilhões de reais, refletindo principalmente os efeitos da peste suína africana, que dizimou rebanhos e impulsionou as importações de carne pela China.
Os volumes vendidos na Ásia no último trimestre continuaram a exceder 200 mil toneladas, disse a BRF, acrescentando que a crise da peste suína africana teve um efeito positivo nos preços dos produtos vendidos.
Apesar dos custos mais altos de grãos em comparação com o mesmo período do ano passado, a BRF disse que processos mais eficientes de aquisição de commodities e uso de insumos alternativos estavam ajudando a mitigar esses efeitos nas margens.
Enquanto a BRF reduziu seus níveis de estoque por meio de melhorias na logística e controles mais rigorosos de mercadorias no Brasil, seu negócio halal no Oriente Médio enfrenta desafios devido às restrições de embarques entre Turquia e Iraque, o que está impactando sua subsidiária Banvit.
A paralisação das operações da fábrica de processamento de alimentos de Abu Dhabi, que atende ao mercado da Arábia Saudita, também é uma preocupação, disse a BRF.