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Brics buscam alternativa financeira com banco de desenvolvimento próprio

Publicado 25.03.2013, 15:12

Marcel Gascón.

Durban (África do Sul), 25 mar (EFE).- Os líderes do Brics (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) começam amanhã na cidade sul-africana de Durban a quinta cúpula anual do grupo, que durante dois dias abordará assuntos como a criação de um banco de desenvolvimento.

A presidente Dilma Rousseff vai participar do encontro, que tem como tema "A associação dos Brics e África para o desenvolvimento, a integração e a industrialização". Também estarão presentes os presidentes Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China) e Jacob Zuma (África do Sul), além do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh.

Com a constituição de um banco de desenvolvimento, os cinco principais países emergentes, que formam o grupo e lhe dão nome com suas iniciais, tentarão dar um passo que pode ser fundamental para seu objetivo de reformar o sistema financeiro mundial.

"Um grande resultado para nós seria o estabelecimento do Banco de Desenvolvimento dos Brics para ajudar a mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos Brics e em outras economias emergentes", afirmou Zuma nesta segunda-feira.

Segundo disse à Agência Efe a analista Memory Dube, do Instituto Sul-Africano de Relações Exteriores, "se for criado e tiver êxito, este banco de desenvolvimento poderia fazer o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM) reavaliar a forma como financiam os países em desenvolvimento".

A existência do banco daria aos países emergentes e a seus parceiros em desenvolvimento uma alternativa de financiamento ao FMI ou ao BM, duas instituições que os Brics consideram sob um excessivo controle dos Estados Unidos e da Europa.

"Os países emergentes e em desenvolvimento se queixam frequentemente de que as instituições financeiras existentes impõem muitas restrições e condições, algumas nem sequer relacionadas ao financiamento, mas com a política", afirmou Dube.

Na opinião do especialista, um banco de desenvolvimento próprio colocaria os Brics em uma posição de força para conseguir um de seus principais objetivos: negociar a reforma das cotas no FMI e aumentar assim o poder de decisão dos cinco países do clube.

Como declarou recentemente o vice-ministro russo de Relações Exteriores, Sergei Riabkov, os Brics estão "às portas de adotar uma decisão oficial" sobre este banco, que teria sede em Moscou e um capital inicial de US$ 50 bilhões.

A cúpula, realizada em um cenário de crise econômica global, abordará também a criação de um fundo conjunto de reservas de divisas estrangeiras, assim como de um centro de estudos próprio e de um conselho de negócios dos Brics.

O tema dos investimentos dos países do Brics na África, sobretudo da China, será outro ponto relevante a ser discutido entre os líderes, como diz o tema da cúpula.

O novo presidente da China, Xi Jinping, iniciou ontem na Tanzânia uma viagem oficial pela África. Após sua passagem pela reunião dos Brics na África do Sul, o líder irá à República do Congo.

A escolha da África dentro da primeira viagem oficial do líder chinês é interpretada pelos analistas como uma aposta de Pequim em se aproximar de outros países emergentes e em desenvolvimento, na linha dos objetivos dos Brics.

A entrada da África do Sul no bloco das principais economias emergentes, em 2010, dotou Brasil, Rússia, Índia e China de um parceiro oficial em um continente fundamental para esses países.

A África do Sul, que ocupará até a próxima cúpula a presidência rotatória do clube, é a 28ª maior economia do mundo, muito longe das posições privilegiadas ocupadas na lista pelos outros membros do Brics.

No entanto, o país anfitrião da cúpula é, para as grandes economias emergentes, uma excelente "porta de entrada" ao continente africano por sua segurança jurídica e estabilidade, afirmou o analista Anthony Thunstrom, da empresa de consultoria KPMG.

Segundo dados do Brics, os cinco países que o integram representam 42% da população mundial e cerca de 45% da força de trabalho do planeta.

Em 2012, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul somaram 21% do produto interno bruto (PIB) mundial, e o comércio entre eles chegou a um total de US$ 282 bilhões.

Além disso, o crescimento da economia dos cinco países chegou em 2012 a uma média de 6,1% e, segundo previsões do próprio grupo, deverá ser de 6,9% em 2013.

De acordo com um estudo do Standard Bank, o comércio dos países do Brics com o continente africano aumentou no ano passado para US$ 340 bilhões, superando amplamente o número de trocas entre as cinco economias do clube. EFE

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