Por David Shepardson
WASHINGTON (Reuters) - A ByteDance, controladora do aplicativo de vídeo TikTok, disse que alguns funcionários acessaram indevidamente dados de usuários do app de dois jornalistas e foram demitidos, segundo um email visto pela Reuters na quinta-feira.
Os funcionários da companhia acessaram os dados como parte de um esforço malsucedido para investigar vazamentos de informações da empresa no início deste ano e pretendiam identificar possíveis conexões entre dois jornalistas, um ex-repórter do BuzzFeed e outro do Financial Times, e funcionários da empresa, disse o diretor jurídico da ByteDance, Erich Andersen.
Os funcionários examinaram os endereços IP dos jornalistas para descobrir se eles estavam no mesmo local que os empregados suspeitos de vazar informações confidenciais.
A divulgação pode aumentar a pressão sobre o TikTok representada por parlamentares norte-americanos e o governo dos Estados Unidos, que afirmam ter preocupações sobre os dados dos usuários do app nos Estados Unidos.
Uma fonte disse que quatro funcionários da ByteDance envolvidos no caso foram demitidos, incluindo dois na China e dois nos Estados Unidos. Representantes da empresa disseram que a companhia está tomando medidas adicionais para proteger os dados dos usuários.
O Financial Times disse em comunicado que "espionar repórteres, interferir em seu trabalho ou intimidar suas fontes é totalmente inaceitável. Investigaremos esta história mais detalhadamente antes de decidir nossa resposta formal".
A porta-voz do BuzzFeed News, Lizzie Grams, disse que a empresa estava profundamente perturbada com a revelação, dizendo que o caso mostra "um flagrante desrespeito à privacidade e aos direitos dos jornalistas, bem como dos usuários do TikTok".
A Forbes informou na quinta-feira que a ByteDance rastreou vários jornalistas da publicação, incluindo alguns que trabalharam anteriormente no BuzzFeed "como parte de uma campanha secreta de vigilância" destinada a descobrir a fonte dos vazamentos. Randall Lane, diretor de conteúdo da Forbes, chamou isso de "um ataque direto à ideia de uma imprensa livre e seu papel crítico em uma democracia funcional".
O presidente-executivo do TikTok, Shou Zi Chew, disse em um email separado para funcionários visto pela Reuters que tal "má conduta não representa de forma alguma os princípios de nossa empresa".
O executivo disse que a empresa "continuará melhorando os protocolos de acesso, que já foram significativamente aprimorados e reforçados desde que essa iniciativa ocorreu".
Chew disse que, nos últimos 15 meses, a empresa trabalhou para construir um centro de segurança de dados da empresa nos Estados Unidos (USDS) para garantir que os dados dos usuários permaneçam nos Estados Unidos.
A ByteDance também disse que está reestruturando o departamento de auditoria interna e controle de risco.
O senador republicano Marco Rubio disse que "a cada dia fica mais claro que precisamos banir TikTok".