BRASÍLIA (Reuters) - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu nesta quarta-feira avaliar mais de perto a venda do complexo de fertilizantes da Vale (SA:VALE3) para a Yara International ASA, voltando atrás em uma decisão anterior que aprovou o acordo sem restrições.
A norueguesa Yara, líder do setor no país, fechou acordo em novembro para comprar o complexo de fertilizantes da gigante da mineração Vale em Cubatão (SP), por 255 milhões de dólares em dinheiro.
O acordo daria à Yara a capacidade de produzir no Brasil fertilizantes à base de nitrogênio, como o nitrato de amônia, amplamente utilizado na safra de cana. O Brasil é o maior produtor e processador de cana do mundo.
Um órgão técnico do Cade, o regulador antitruste do país, concordou com a transação em março, argumentando que não daria à Yara uma posição dominante em nenhum dos mercados em que opera.
No entanto, o membro do conselho do Cade, João Paulo de Resende, argumentou que o Cade deveria reconsiderar essa decisão depois que a Petrobras (SA:PETR4) anunciou que hibernaria duas fábricas de fertilizantes. As duas unidades respondem por cerca de metade do consumo de amônia no Brasil.
A decisão da Petrobras não apenas altera os parâmetros usados para calcular a participação de mercado em vários mercados de fertilizantes, mas também muda a dinâmica do mercado de amônia, disse ele.
A amônia é importada para o Brasil principalmente pelo terminal portuário conectado ao complexo industrial de Piaçaguera, que seria adquirido pela Yara como parte da transação, acrescentou Resende.
(Por Bruno Federowski)