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Caixa tem prejuízo recorrente no 4º tri e anuncia medidas para aquecer setor imobiliário

Publicado 08.03.2016, 16:18
Atualizado 08.03.2016, 16:20
© Reuters. Logo da Caixa Econômica Federal em agência do banco no centro do Rio de Janeiro

Por Cesar Bianconi

SÃO PAULO (Reuters) - A Caixa Econômica Federal anunciou nesta terça-feira prejuízo recorrente de 303 milhões de reais no quarto trimestre, diante do aumento das despesas com captação e das provisões contra calotes.

Ainda assim, o banco estatal, principal concessor de financiamento imobiliário no país, divulgou medidas para estimular o setor de habitação, na tentativa de reanimar essa indústria em meio à recessão econômica.

No acumulado de 2015, a Caixa teve lucro recorrente, que exclui itens não operacionais, de 1,156 bilhão de reais, queda de 82,6 por cento contra o ano anterior, sob influência dos mesmos fatores que pesaram sobre o desempenho de outubro a dezembro.

As provisões para crédito de liquidação duvidosa totalizaram 3,951 bilhões de reais no quarto trimestre e 19,657 bilhões de reais nos 12 meses de 2015, altas de 14,6 e de 49,4 por cento, respectivamente, contra um ano antes.

O vice-presidente de Finanças da Caixa, Márcio Percival, disse a jornalistas que não espera um salto nas provisões neste ano, afirmando que o banco já tem adotado postura prudencial.

No ano passado, a Caixa vendeu cerca de 13 bilhões de reais que estavam em sua carteira de crédito, dentro dos trabalhos para melhorar a qualidade dos ativos.

Diante do agravamento da crise econômica e do avanço do desemprego no Brasil, o banco vem chamando clientes para que renegociem os termos de seus empréstimos, de modo a evitar inadimplência futura.

No quarto trimestre, o índice de inadimplência da Caixa para operações vencidas há mais de 90 dias foi de 3,55 por cento, quase 1 ponto percentual acima do trimestre final de 2014 e alta de 0,29 ponto percentual ante julho a setembro de 2015.

Percival estima que a inadimplência fique entre 3,5 e 3,8 por cento durante o primeiro semestre, devendo se estabilizar e, eventualmente, começando a ceder na segunda metade deste ano.

CAPTAÇÃO MAIS CARA

As despesas com captação da Caixa, por sua vez, somaram 21,490 bilhões de reais nos três meses até dezembro e 82,197 bilhões de reais em todo o ano passado, avanços de 25,3 e de 43,2 por cento, contra o quarto trimestre e todo o ano de 204, respectivamente.

Os sucessivos resgates da caderneta de poupança vêm impondo desafios ao crédito imobiliário, que tem nesse instrumento sua principal fonte de captação de recursos a custos mais competitivos.

Além disso, empréstimos imobiliários que já estão na carteira de crédito da Caixa a juros fixos mais baixos que as taxas atuais de mercado impõem um descasamento entre ativos e passivos.

O vice-presidente de Finanças da Caixa acredita que a taxa básica de juro Selic começará a ser reduzida ainda em 2016, o que representaria um alívio nas despesas com captação.

O banco federal, que tem cerca de 57 por cento de sua carteira de crédito no setor de habitação, vem lançando mão de instrumentos como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e captações internacionais para fazer frente ao encolhimento dos recursos da poupança para financiar a habitação.

No fim de fevereiro, a Caixa conseguiu um fôlego importante do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que no orçamento de 2016 reforçou as operações de crédito imobiliário em 21,7 bilhões de reais, com estimados 16,1 bilhões de reais para a Caixa.

Apoiada pelos recursos do FGTS, a Caixa apresentou iniciativas para estimular o crédito imobiliário, inclusive revertendo restrições impostas no ano passado.

O banco está ampliando a cota de financiamento para imóveis usados da faixa de 40 a 60 para até 80 por cento, com o percentual máximo disponível apenas a funcionários públicos. O banco também está reabrindo a oferta de empréstimos para um segundo imóvel, que tinha sido suspensa em agosto do ano passado.

CRÉDITO MAIS MODERADO

Para 2016, a Caixa espera que sua carteira de crédito cresça entre 7 e 11 por cento, provavelmente mais perto do piso da faixa, segundo Percival.

© Reuters. Logo da Caixa Econômica Federal em agência do banco no centro do Rio de Janeiro

Entre outubro e dezembro, a expansão foi de apenas 2 por cento, enquanto que nos 12 meses de 2015 a alta ficou em 11,9 por cento, a 679,487 bilhões de reais, principalmente devido ao aumento dos empréstimos nas áreas de habitação e infraestutura.

O lucro líquido da Caixa em todo o ano passado incluindo itens extraordinários foi de 7,156 bilhões de reais.

O balanço completo de 2015 ainda não estava disponível no site do banco, mas um dos fatores para explicar a diferença do lucro recorrente de 1,156 bilhão para o lucro líquido de 7,156 bilhões de reais foi o lançamento de créditos tributários no terceiro trimestre, ativados com o aumento da Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL).

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