Por Harold Isaac e Brian Ellsworth
PORT-AU-PRINCE (Reuters) - O Canadá sancionou o ex-presidente haitiano Michel Martelly e dois ex primeiros-ministros por financiarem gangues, disseram autoridades canadenses no domingo, a mais recente de uma série de medidas visando supostos apoiadores de grupos criminosos haitianos.
Em setembro, quadrilhas haitianas criaram uma crise humanitária ao bloquearem um terminal de combustível por quase seis semanas, interrompendo a maior parte da atividade econômica do país e provocando discussões na ONU sobre uma possível força de ataque estrangeira para reabrir o terminal.
O Canadá e os Estados Unidos sancionaram líderes políticos que supostamente financiam as gangues, que, segundo as autoridades dos dois países, são apoiadas pelas elites haitianas.
"Estas últimas sanções visam um ex-presidente do Haiti e dois ex primeiros-ministros do país suspeitos de protegerem e permitirem atividades ilegais de gangues armadas", disse o gabinete do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, em comunicado. Ele não citou nomes.
O jornalista da Radio-Canada Louis Blouin escreveu no Twitter que as sanções tinham como alvo Martelly, bem como os ex premiês haitianos Laurent Lamothe e Jean Henry Ceant.
Sebastien Carriere, embaixador do Canadá no Haiti, respondeu no Twitter com as palavras "eu confirmo".
Martelly serviu como presidente de 2011 a 2016, assumindo o cargo após o devastador terremoto de 2010.
Um cantor pop que se apresentava sob o nome artístico de Sweet Micky antes de se tornar presidente, Martelly foi fortemente apoiado pelos EUA antes e durante sua presidência, e ganhou a vida fazendo shows no sul da Flórida depois de deixar o cargo.
Ele foi sucedido pelo aliado Jovenel Moise, assassinado em 2021.
A polícia retomou o controle do terminal este mês e o combustível voltou a fluir, mas os sequestros promovidos por quadrilhas estão aumentando e os grupos armados continuam expandindo controle sobre o território do país.
Na véspera, o ex-chanceler Celso Amorim, atualmente conselheiro do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou à Reuters que o novo governo brasileiro dificilmente participará de uma nova missão militar no Haiti, apesar dos chamados para formação de uma força internacional.