SÃO PAULO (Reuters) - O Carrefour (BVMF:CRFB3) Brasil divulgou nesta segunda-feira um prejuízo líquido de 565 milhões de reais no quarto trimestre, contra lucro de 426 milhões de reais um ano antes, em resultado afetado por custos decorrentes do fechamento de lojas físicas.
A empresa apurou no último trimestre de 2023 vendas líquidas de 28,1 bilhões de reais, leve recuo de 0,3% na comparação com o mesmo período em 2022.
Os resultados do quarto trimestre foram afetados em grande parte por despesas e baixa contábil envolvendo o fechamento de mais de 100 lojas entre dezembro e o início deste ano, já que a administração avaliou que a performance dos pontos estava abaixo das expectativas.
O diretor financeiro do grupo, Eric Alencar, disse a jornalistas que o Carrefour Brasil decidiu no final do ano passado encerrar 123 lojas entre supermercados e hipermercados, com 104 já fechadas até janeiro. A contabilização no balanço de todos esses fechamentos, porém, foi realizada somente no quarto trimestre, segundo ele.
"Elas (lojas) eram estruturalmente ruins, e a gente precisava focar em crescimento da companhia sobre as lojas com mais potencial", disse, acrescentando que as 123 lojas juntas geraram lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) negativo de 61 milhões de reais durante o trimestre.
Alencar também afirmou que a empresa não pretende fazer fechamentos dessa magnitude no futuro, embora tenha destacado que pequenas mudanças no portfólio de lojas sejam normais.
O Ebitda ajustado da empresa somou 1,88 bilhão de reais no trimestre, 5% abaixo de um ano antes, enquanto a margem Ebitda ajustada caiu 0,3 ponto percentual, para 6,7%.
Analistas consultados pela LSEG esperavam um Ebitda ajustado de 1,72 bilhão de reais no trimestre.
Embora a inflação de alimentos tenha retomado fôlego desde outubro, executivos da empresa afirmaram que ainda é necessário um tendência mais clara para inspirar os clientes institucionais a reabastecerem seus estoques.
O Atacadão, um dos principais negócios do Carrefour Brasil e que gera cerca de 70% das vendas do grupo, teve alta de 3,2% nas vendas no período em relação ao ano imediatamente anterior, para 19,3 bilhões de reais, com margem Ebitda 0,9 ponto percentual mais alta, a 7,2%.
Os resultados também foram divulgados um dia após a morte do executivo Abilio Diniz, um dos principais acionistas do grupo Carrefour Brasil, e do francês Carrefour, por meio de sua holding de investimentos Península.
Questionado sobre os planos futuros do Carrefour Brasil, já que Diniz era peça central no desenvolvimento da estratégia do grupo, Alencar não deu qualquer indicação específica. "Neste momento, a gente não teve nem cabeça para discutir qualquer uma dessas coisas", afirmou.
(Reportagem de André Romani)