Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - O Carrefour (SA:CRFB3) Brasil prevê crescimento sustentável em 2019, conforme as atividades de comércio eletrônico ganham escala e favorecem os resultados do grupo francês no país como um todo, disseram nesta quarta-feira executivos da varejista.
"Aceleramos a transformação digital e o marketplace já atingiu breakeven (ponto de equilíbrio), devendo contribuir positivamente neste ano", afirmou a presidente do Carrefour ebusiness Brasil, Paula Cardoso, em teleconferência com analistas e investidores sobre o balanço da companhia no quarto trimestre.
Dentro dos esforços para transformação digital do grupo, ela ressaltou que a parceria firmada há cerca de três meses com a startup de entregas Rappi está trazendo novos clientes ao Carrefour Brasil e aportando volumes à operação de comércio eletrônico.
"Está muito no início da parceria, com investimentos dos dois lados, mas eu diria que 60 por cento dos clientes são novos", comentou. Ela acrescentou que também está nos planos do grupo o uso de ferramentas de "big data" para incrementar as vendas tanto nos canais online e físico.
No atacarejo, canal que mais cresce dentro do Carrefour Brasil, o grupo planeja manter o ritmo de 20 inaugurações de lojas por ano, apesar da maior concorrência neste segmento, segundo o presidente do Atacadão, Roberto Müssnich.
Ele disse que esse número pode até ser maior se surgirem oportunidades e que o grupo estuda ainda abertura de lojas de menor porte em grandes capitais onde já está presente.
"Temos ambiente mais competitivo, mas, até pela beleza do modelo comercial e a escala que temos, a margem pode ser usada para ter efeito em números absolutos e temos também capacidade de negociação com fornecedores", contou Müssnich.
Questionado por jornalistas sobre a criação da posição de vice-presidente de operações do Atacadão e o processo de sucessão na liderança da bandeira, o diretor financeiro do grupo, Sébastien Durchon, afirmou que a transição levará anos.
"Não tem nenhuma hipótese de saída do Roberto (Müssnich) no curto prazo. Ele estará aqui conosco por mais anos", afirmou Durchon em entrevista a jornalistas após a teleconferência com analistas e investidores.
No caso do Carrefour Varejo, que reúne hipermercados, supermercados, lojas de proximidade, postos de combustível e drogarias, o diretor financeiro disse que a tendência é de melhora nas margens, conforme as atividades de comércio eletrônico ganham escala e eficiência.
Ele alertou, no entanto, que as perspectivas seriam ainda mais otimistas não fosse pelo nível ainda elevado de desemprego no Brasil, que reduz o poder aquisitivo em todo o país e inibe o potencial de consumo.
"Vemos melhoria gradual, mas para retomada forte vai ser preciso o governo atuar forte na economia para um crescimento maior", explicou Durchon.
Na noite da véspera, o Carrefour Brasil divulgou lucro líquido ajustado aos acionistas controladores de 758 milhões de reais entre outubro e dezembro, superando em 65,9 por cento o resultado apurado um ano antes graças, sobretudo, à aceleração do crescimento das vendas.
Em relatório, a equipe do BTG Pactual (SA:BPAC11) destacou que o balanço não trouxe grandes surpresas em relação aos números esperados pelo banco e manteve recomendação neutra para o papel.
"A perspectiva positiva para receita e lucro deve persistir nos próximos trimestres, sustentando o bom momento do Carrefour. Contudo, o contínuo declínio (em termos de margem) do Carrefour Varejo nos impede de assumir uma visão estrutural mais otimista", escreveu o analista Luiz Guanais.
Às 16:16, as ações do Carrefour Brasil, que não fazem parte do Ibovespa, cediam 4,58 por cento, a 19,80 reais. Em 2019, contudo, ainda acumulam ganho de mais de 8 por cento.