Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Cedae, companhia de água e esgoto do Estado do Rio de Janeiro, vai lançar até o final do ano mais um plano de demissão voluntária (PDV) em nova iniciativa para enxugar custos e estimular o interesse de potenciais investidores no futuro próximo, disse à Reuters o presidente da estatal fluminense, Aguinaldo Ballon.
O novo PDV deve contemplar cerca de 900 postos de trabalho e vai complementar o programa de desligamento promovido no ano passado que não atingiu as metas da companhia. A Cedae conta atualmente com quase 3 mil empregados e uma folha de pagamento de 30 milhões de reais.
"Estamos falando de uma economia de 10 milhões (de reais por) mês, ou seja, 120 milhões ao ano fora os gastos com gratificações, bonificações e encargos" , afirmou Ballon em entrevista à Reuters.
Desde o ano passado, a empresa vem adotando medidas para reduzir custos para tornar a Cedae atraente a potenciais investidores.
A estatal passou a comprar no mercado livre um volume maior de energia para suas atividades, o que deve gerar uma economia de 200 milhões de reais ao ano. Além disso, promoveu ajustes na utilização de insumos químicos para o tratamento da água, gerando redução de despesas de 50 milhões somente em 2024, disse o executivo.
"Estamos atacando as grandes despesas da empresa. Produto químico, energia elétrica e mão de obra", destacou Ballon.
A expectativa é que as medidas tragam resultados financeiros melhores esse ano, incluindo um lucro em 2024 maior que o desempenho positivo de cerca de 480 milhões de reais em 2023.
A melhora operacional e a redução de despesas são pontos considerados essenciais para que a empresa possa ir a mercado a partir de 2025 em busca de parceiros.
A Cedae vai lançar ainda esse mês o edital para a contratação de uma empresa que fará a modelagem ideal para a atração de investimentos.
O próximo plano estratégico da Cedae (2026-2030) deve apontar para investimentos de 5 bilhões de reais em cinco anos.
"Se você vai ao mercado sem sanear a empresa e o mercado tem uma fotografia ruim da companhia, ela atrai menos. O mercado tem que ver a Cedae como uma empresa capaz e em condições de gerar caixa", disse Ballon.
A expectativa é que estudo da empresa que será contratada para avaliar oportunidades para Cedae dure aproximadamente 12 meses.
"Essa empresa será contratada para fazer um diagnóstico da Cedae como um todo, entender o quanto a Cedae vale, qual sua capacidade de geração de caixa no futuro e se isso será capaz de cobrir os investimentos futuros", afirmou o presidente da companhia.
"A Cedae tem investimentos a fazer e precisa se financiar...Vai ser empréstimo, ou debêntures ou alguma composição acionária com composição privada? Esse caminho de ir a mercado eles é que vão sugerir", adicionou.
No primeiro mandato, o governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro concedeu a empresas privadas os segmentos de distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto. O Estado arrecadou em dois certames cerca de 23 bilhões de reais e parte foi repartida com os municípios. A Cedae que permaneceu estatal ainda controla as atividades de captação e de tratamento da água no Estado que é vendida às concessionárias vencedoras dos leilões.