Pequim, 5 set (EFE).- O governo chinês criticou nesta
quarta-feira a decisão do Japão de adquirir várias ilhas do
arquipélago Senkaku/Diaoyu, disputado pelos dois países, e advertiu
que "tomará as medidas necessárias para defender sua soberania
territorial".
"Apesar dos protestos formais da China e da oposição estrangeira,
o Japão continua avançando decididamente no processo (de aquisição),
prejudicando a integridade territorial e os sentimentos do povo
chinês", lamentou em entrevista coletiva o porta-voz de Relações
Exteriores chinês, Hong Lei.
O governo do Japão anunciou hoje que concluiu as negociações para
comprar de seu proprietário privado, por US$ 26 milhões, várias
ilhas do arquipélago Senkaku, cuja soberania disputa com a China.
O Executivo japonês, em colaboração com o governo de Tóquio,
negocia há meses a compra da ilha de Uotsuri, a maior deste pequeno
arquipélago situado no Mar da China Oriental, e as vizinhas
Kitakojima e Minamikojima, algo que aumentou as tensões com a China.
O porta-voz de Exteriores do regime comunista assegurou hoje que
a China descobriu e batizou pela primeira vez as ilhas, e por isso
"são parte do território chinês desde a antiguidade", e que estas
foram administradas pela defesa litorânea nacional desde os tempos
da dinastia Ming (1368-1644).
"Na guerra sino-japonesa (1894-95), o Japão reivindicou soberania
sobre essas ilhas e as roubou por meios ilegais, por isso seu
argumento que são parte de seu território é totalmente
insustentável", acrescentou o porta-voz chinês.
A soberania deste grupo de ilhotas desabitadas, que compreendem
um território de cerca de sete quilômetros quadrados, é foco de
disputas entre China e Japão, além de Taiwan, há décadas.
Situadas a 150 quilômetros ao nordeste de Taiwan e a 200 ao oeste
do arquipélago japonês de Okinawa, as Senkaku (conhecidas como
Diaoyu na China e Tiaoyutai em Taiwan) poderiam contar com grandes
recursos marítimos e energéticos.
Em abril, o governo de Tóquio anunciou sua intenção de comprar o
arquipélago através de um sistema de doações públicas e privadas, o
que suscitou as críticas da China, que assegurou que qualquer ação
japonesa no arquipélago é "ilegal e inválida".
A disputa sobre as ilhas aumentou em meados de agosto com o
desembarque de um grupo de ativistas chineses, que foram deportados
pelas autoridades japonesas, enquanto poucos dias depois fez o mesmo
um grupo de nacionalistas japoneses, o que provocou protestos em
Taiwan e China.
O anúncio da compra do Japão acontece três dias depois que uma
equipe do governo de Tóquio iniciou uma inspeção das Senkaku, como
parte de um plano para agilizar sua compra.
Os 25 membros da equipe municipal estudaram a qualidade da água
ao redor de três das oito ilhotas, mas sem chegar a desembarcar
nelas, depois que o governo central rejeitasse sua solicitação para
não suscitar novos atritos diplomáticos com a China. EFE
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