Por Laurie Chen e John Irish
PEQUIM/PARIS (Reuters) - A Europa não deve ter medo de trabalhar com a China por causa da concorrência, e os dois lados devem trabalhar juntos para aumentar a confiabilidade e a estabilidade das relações econômicas e comerciais, disse o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, nesta sexta-feira.
Autoridades europeias prometeram repetidamente reduzir as dependências econômicas da China em setores críticos -- também conhecido como "de-risking" -- diante do que o G7 chama de "coerção econômica" da China.
"A posição da China é clara. Vamos aderir ao nosso apoio à autonomia estratégica da Europa", disse Wang quando perguntado sobre a visão da China sobre seu relacionamento com a Europa em uma entrevista coletiva com sua colega francesa em Pequim.
A ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, estava visitando a capital chinesa e, anteriormente, encontrou-se com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, com quem discutiu uma ampla gama de tópicos, incluindo o reequilíbrio do relacionamento econômico da França com a segunda maior economia do mundo.
Colonna disse que a França está comprometida com o diálogo com a China, reafirmando os laços bilaterais depois que uma investigação antissubsídios da União Europeia, apoiada por Paris, sobre veículos elétricos fabricados na China foi considerada "protecionista" por Pequim.
A viagem dela está centrada no incentivo ao intercâmbio entre cidadãos de ambos os países, como estudantes e turistas, ameaçado de ser ofuscado pelas questões comerciais.
"Estamos realmente comprometidos com o diálogo com a China", disse Colonna a Li, acrescentando que ela estava "honrada" e feliz por vê-lo após o encontro em Paris em junho.
Wang afirmou que as diferentes demandas de concorrência e cooperação não precisam entrar em conflito.
"É claro que haverá concorrência na cooperação, mas não devemos ter medo da cooperação por causa da concorrência. O maior risco do qual precisamos nos livrar é a incerteza trazida pela ampla politização", disse Wang, acrescentando que a dependência que mais precisa ser reduzida é o protecionismo.
"Atualmente, os intercâmbios entre os círculos empresariais da China estão sendo retomados de forma abrangente e estão se aquecendo rapidamente. Ouviremos as vozes da comunidade empresarial europeia e resolveremos com seriedade os problemas dos investidores na China", declarou Wang na coletiva de imprensa com sua homóloga francesa.