Genebra, 9 jan (EFE).- O presidente do Banco Nacional Suíço (BNS), Philip Hildebrand, renunciou nesta segunda-feira após ser acusado de enriquecer especulando no mercado de divisas a partir de informações privilegiadas.
Hildebrand contava até agora com o apoio do Conselho Federal (governo suíço) e da direção do BNS, que haviam aceitado suas desculpas públicas e que consideravam que as investigações que o inocentaram estavam em bom caminho.
No entanto, bastante pressionado pela imprensa e por políticos há mais de uma semana, Hildebrand decidiu renunciar nesta segunda, de acordo com um comunicado emitido pelo banco sem prévio aviso.
Na nota foi anunciado que o até então presidente do BNS dará uma declaração nesta tarde para explicar sua decisão.
A notícia explodiu na semana passada, quando a imprensa publicou que o Conselho Federal tinha solicitado duas investigações, uma pública e outra privada, para determinar se Hildebrand ou seu entorno familiar haviam cometido alguma falta ao especular e enriquecer no mercado de divisas a partir de informações privilegiadas.
Ambas as investigações inocentaram o diretor, mas apontaram como duvidosa uma transação na qual sua esposa, Kashya Hildebrand, tinha comprado US$ 500 mil três semanas antes que o BNS estabelecesse um câmbio fixo entre o euro e o franco-suíço que revalorizou o dólar, o que proporcionou um enorme lucro para o casal.
De fato, as investigações revelaram que só em 2011, o casal realizou transações no mercado de divisas no valor de 2 milhões de francos.
Hildebrand concedeu uma entrevista coletiva na quinta-feira passada na qual assumiu os erros, pediu desculpas e reconheceu que do ponto de vista moral poderia ter seu comportamento e o de sua esposa questionados, mas afirmou que isso não significava que tivesse decidido pela renúncia.
O então presidente do Banco Nacional Suíço especificou que só deixaria o cargo caso perdesse o apoio do Conselho de Administração do Banco ou do Conselho Federal. Porém, não há informações de que alguma destas duas instituições tenha retirado seu apoio.
O caso gerou polêmica na Suíça não só pelo cargo de Hildebrand, mas porque mais uma vez foi violado o sacrossanto sigilo bancário, visto que as contas foram roubadas por um funcionário do banco onde está depositado o dinheiro do casal. EFE