Por Victoria Waldersee
WOLFSBURG, ALEMANHA (Reuters) - O sindicato alemão da Volkswagen (ETR:VOWG), cobrou nesta quinta-feira que a administração dê um "grande passo" em uma terceira rodada de negociações sobre salários e fechamentos de fábricas, com as posições dos dois lados parecendo ainda muito distantes dias antes de uma possível greve de trabalhadores da companhia na Alemanha.
Milhares de funcionários se reuniram no início das negociações sobre os salários de 120 mil dos cerca de 300 mil trabalhadores da Volkswagen empregados em seis fábricas alemãs regidas por um acordo coletivo separado.
A Volkswagen exigiu um corte salarial de 10%, argumentando que precisa reduzir custos e aumentar lucro para defender sua participação no mercado diante da concorrência de montadoras da China e da queda na demanda na Europa. A montadora alemã também ameaça fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez em seus 87 anos de história.
Os problemas da maior montadora de veículos da Europa alimentam preoucupações maiores sobre o status da Alemanha como uma potência industrial antes da eleição em fevereiro, na qual o desempenho da economia sob o comando do chanceler Olaf Scholz é alvo de críticas.
Na última quarta-feira, os sindicatos propuseram renunciar aos bônus por dois anos e criar um fundo para financiar uma redução temporária das horas de trabalho em áreas menos produtivas da empresa. As entidades disseram que essas medidas evitarão demissões em massa e economizarão 1,5 bilhão de euros.
Mas a proposta estava condicionada à empresa descartar o fechamento de fábricas, o que a Volkswagen se recusou a fazer.
"Uma solução antes do Natal depende do outro lado dar um grande passo em direção a ela hoje (quinta-feira)", disse o negociador sindical do IG Metall, Thorsten Groeger. "Se o IG Metall quiser, as linhas das fábricas ficarão paradas."
Se a administração rejeitar a proposta, os sindicatos - que controlam metade dos assentos no conselho de administração do grupo - exigirão um aumento salarial de 7%, além do não fechamento das fábricas.
Se as exigências não forem atendidas, os trabalhadores poderão entrar em greve a partir de dezembro em todas as fábricas alemãs, a primeira greve em grande escala na empresa desde 2018, quando mais de 50 mil trabalhadores cruzaram os braços por causa de salários.
"Saudamos que os representantes dos trabalhadores estejam sinalizando uma abertura para medidas sobre custos de mão de obra e excesso de capacidade...Entraremos em uma troca detalhada nas negociações", disse Gunnar Kilian, membro do conselho da Volkswagen, em um comunicado.