Investing.com - O mercado reagiu mal ao balanço reportado pela gigante do setor de alimentos JBS (BVMF:JBSS3), que apresentou queda no lucro e piora expressiva nas margens. Às 11h50 (de Brasília), as ações da JBS estavam em baixa de 3,03%, a R$18,56. A multinacional opera hoje em mais de 20 países, por meio de marcas como Friboi, 1953, Swift, Seara, Seara Gourmet, Doriana, Massa Leve, Pilgrim’s Pride, entre outras.
No quarto trimestre, lucro líquido foi de R$2,3 bilhões, uma retração anual de 63,7%. Já geração de caixa livre foi de R$1,2 bi, queda de 78,8% na mesma comparação. A margem Ebitda ajustada atingiu 4,9%, caindo 8,6 pontos percentuais ao ano.
Considerando 2022 como um todo, a receita líquida subiu 6,9%, atingindo R$375 bi. O Ebitda ajustado de R$34,6 bi caiu 24,3% na mesma comparação. A margem Ebitda ajustada foi de 9,2%, diminuição de 3,8 pontos percentuais. Além disso, o lucro líquido de R$15,5 bi representa um recuo de 24,5%.
“Em que pese o atual cenário econômico global desafiador e a normalização das margens no mercado de carne bovina dos EUA, entramos em 2023 com uma posição confortável de caixa, endividamento estabilizado e sem vencimentos de dívida expressivos no curto prazo, o que nos permite navegar com resiliência neste momento e nos deixar bem-posicionados para nos prepararmos para as futuras oportunidades de mercado”, ponderou a companhia em release de resultados.
O Itaú BBA, avaliou os números como neutros, pois a queda anual de 65% no Ebitda ficou somente 1% acima das projeções do banco e veio praticamente conforme o consenso.
“Seara e JBS Brazil beef foram as retardatárias, embora totalmente compensadas pela dinâmica ligeiramente melhor dos EUA na contabilidade IFRS”, aponta o analista Gustavo Troiano, que não enxerga uma previsão de rentabilidade para a Seara no curto prazo.
A JBS enfrentou uma tempestade perfeita, segundo o Itaú BBA, levando em conta que, no trimestre, todas as unidades de negócios sofreram perdas anuais nas margens pela primeira vez nos últimos seis anos.
No entanto, o Itaú BBA possui visão construtiva à tese de investimento da JBS com base em um balanço patrimonial sólido, além do valuation considerado atraente, o que motiva a classificação Outperform para as ações da JBS, com preço-alvo de R$39.
Já a Ativa Investimentos contrapõe esse entendimento e diz, também em relatório, que a empresa de alimentos apresentou um balanço fraco e com margens piores do que o esperado.
“O destaque ficou para a JBS North América que apresentou queda de -90% do seu Ebitda em dólares, devido à reversão do ciclo do boi e a incapacidade de algum repasse de preços”, informou o analista Pedro Serra.
Segundo a Ativa, a expectativa já era de números pressionados devido à mudança no ciclo do boi nos EUA, mas o resultado foi ainda pior. A nível local, a Ativa esperava forte exportação para o mercado chinês. Com esses fatores em mente, a Ativa segue cautelosa com a tese, mesmo diante de um valuation que considera barato.
A Ativa possui recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de R$33.