Madri, 1 out (EFE).- O responsável pelos Assuntos Econômicos da Comissão Europeia, Olli Rehn, considerou factível nesta segunda-feira que a Espanha reduza em 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB) o seu déficit público neste ano e garantiu que o Executivo da União Europeia (UE) está preparado para ajudar caso as autoridades espanholas solicitem assistência.
Após uma reunião em Madri com o chefe do Executivo espanhol, Mariano Rajoy, e com o ministro da Economia, Luis de Guindos, Rehn se declarou convencido que o governo espanhol "atuará com determinação" para cumprir os objetivos estabelecidos.
Em seu encontro no Palácio da Moncloa, Rajoy reafirmou o compromisso da Espanha com a consolidação fiscal e com o processo de reformas estruturais para sair da crise, que mantém a economia do país em recessão e elevou o desemprego para quase 25% da população ativa.
Fontes do governo afirmaram que Rajoy garantiu ao comissário econômico europeu que fará todos os esforços necessários para cumprir com a redução do déficit e completar as reformas.
A Espanha se comprometeu com a UE em diminuir o déficit público em 6,3% do PIB este ano - 7,4% caso fossem incluídas as ajudas aos bancos -, após ter conseguido em 2011 reduzir para 8,5%, acima dos 6% previstos, que com as ajudas aos bancos subiria para 9,4% do PIB.
Segundo Rehn, ainda não sabe se as ajudas aos bancos serão consideradas como parte do déficit, apesar do mesmo dizer que a recapitalização dos bancos é uma operação "one-off" (que ocorre uma só vez) e, portanto, "é de se esperar" que não seja considerada como parte do déficit estrutural.
Em Bruxelas, a Comissão Europeia se declarou hoje disposta a considerar como efeito "inevitável e pontual" um eventual impacto da ajuda aos bancos espanhóis no desvio do déficit e no aumento da dívida.
Fontes da UE destacaram que um efeito negativo no déficit que provocaria um desvio do objetivo estabelecido por Bruxelas seria uma "consequência indireta" que não pode ser atribuída aos erros do governo espanhol.
A agência de classificação de riscos Fitch Ratings elevou hoje seus cálculos do déficit público espanhol para 8% do PIB devido às ajudas aos bancos.
Rajoy e Rehn analisaram também a reestruturação do sistema financeiro três dias depois que foram anunciadas as conclusões da empresa de consultoria americana Oliver Wyman que calculou em quase 54 bilhões de euros as necessidades de recapitalização dos bancos espanhóis.
O representante econômico da Comissão Europeia avaliou positivamente esse número e o fato de que isso mostra que a Espanha e a zona do euro não deverão recorrer à totalidade dos até 100 bilhões dispostos para o saneamento do sistema financeiro espanhol.
Segundo o ministro da Economia espanhol, a quantidade que a Espanha pedirá a seus parceiros do euro para sanear os bancos gira em torno dos 40 bilhões de euros, o que representa 4% do PIB, longe dos 10% que haviam calculado algumas instituições internacionais.
Olli Rehn garantiu também que a Comissão Europeia está preparada para atender um eventual pedido de ajuda da Espanha ao fundo europeu de resgate permanente, embora especificasse que por enquanto não aconteceu esta solicitação.
Rehn também garantiu que todos os países da zona do euro "são conscientes" que ao comparecer a um programa de ajuda, levam consigo condições já conhecidas.
Neste sentido, lembrou que a Espanha recomendou que se aprofundasse a reforma da previdência para compensar a idade da aposentadoria com o aumento da expectativa de vida, porque a sustentabilidade do sistema de pensões é um fator-chave para conseguir o reequilíbrio das contas do Estado.
De Guindos declarou que o governo espanhol analisa "os compromissos" que acompanhariam um eventual pedido de assistência financeira e "tomará a melhor decisão" tanto do ponto de vista da economia espanhola como da zona do euro.
Neste contexto, explicou que a Espanha apoia decididamente a união bancária na UE, além de suas necessidades atuais, "como um passo imprescindível para o futuro da união monetária".
Rehn ressaltou que esta "consciente" das dificuldades que as medidas de austeridade para combater a crise representam para "as famílias, para as empresas", mas advertiu que se não fossem tomadas seria ainda pior.
"Não é fácil, mas não há alternativa", concluiu o comissário econômico europeu. EFE
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