Money Times - Mesmo em um ambiente de elevada incerteza, o Ibovespa garantiu uma expressiva alta de 8,9% em julho, em um movimento que já começou a refletir o noticiário político. Para os analistas, este é o principal motivador para o desempenho.
Segundo o BTG Pactual (SA:BPAC11), a valorização pode ser atribuída principalmente a um grande triunfo no primeiro grande evento de campanha das eleições deste ano por Geraldo Alckmin, que conseguiu montar um vasta coalizão de centro-direita apoiando sua candidatura.
“Embora seja provavelmente cedo demais para fazer uma aposta para as eleições e apesar dos riscos relevantes, o cenário eleitoral parece, especialmente após os eventos de julho, mais benigno na margem. No geral, a recompensa do risco de “estar investido” parece atraente para nós”, destacam os analistas Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira.
O Banco Safra analisa em seu relatório mensal que o mercado avaliou que candidaturas que pudessem representar mudanças maiores na condução das políticas econômicas perderam competitividade.
“Continuamos destacando que a qualidade do debate eleitoral tem surpreendido positivamente, com a maior parte dos candidatos assumindo a necessidade de reformas, principalmente a da previdência”, apontam os economistas Carlos Kawall e Priscila Deliberalli.
O que fazer?
A equipe do Bradesco (SA:BBDC4) ressalta que os riscos no momento associados ao período eleitoral devem ser levados em conta, “mas não podemos menosprezar o bom potencial que ainda vemos para o mercado acionário caso o cenário evolua de forma positiva”, destaca o relatório mensal do banco.
A regra primordial, explica a análise assinada por José Cataldo, é a diversificação. Ele sugere empresas de bons fundamentos, com exposição ao ciclo de crescimento do Brasil, fortes geradoras de caixa (e distribuição de dividendos), sem deixar de lado alguns nomes com valuation descontado e proteção em empresas exportadoras.
Cataldo explica que apesar da boa performance no mês passado, o mercado brasileiro (medido pelo MSCI) negocia a um múltiplo de preço sobre o lucro (P/L) abaixo da média histórica de 7 anos. O nível atual assume uma probabilidade baixa de ajuste fiscal após as eleições, em um cenário base que não é compartilhado pelo analista.
“Levando em conta as primeiras entrevistas sobre o posicionamento dos principais pré-candidatos, vemos que todos eles parecem priorizar o ajuste fiscal, particularmente a reforma Previdenciária, mas diferem em como fazer isso e o quão profundo deve ser o ajuste”, destaca. Cataldo projeta três possíveis desdobramentos:
Assumindo uma probabilidade de 70% de continuidade dos ajustes fiscais após as eleições, o Ibovespa iria a 88 mil pontos. Em um cenário de ajuste profundo este número pode superar os 100 mil pontos. Já em uma ruptura na condução da economia a bolsa poderia buscar uma correção para 60 mil pontos.
Por Money Times