Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora Vale (BVMF:VALE3) anunciou a segunda renúncia de um membro independente de seu conselho de administração em três meses, em um momento em que a companhia trabalha no processo de sucessão de seu presidente Eduardo Bartolomeo, dentre outros temas de grande relevância.
Dessa vez, a administradora de empresas Vera Marie Inkster renunciou ao cargo, conforme informou a Vale em comunicado ao mercado, no qual a companhia não apresentou os motivos para a renúncia e agradeceu pelos serviços prestados pela conselheira desde 2023.
A notícia vem após o então membro independente José Luciano Duarte Penido ter renunciado em março, quando enviou uma carta ao presidente do conselho da empresa, apontando que o processo de sucessão do CEO na mineradora estava sendo conduzido de maneira manipulada, com influência política, segundo o documento visto pela Reuters à época.
Penido defendia a renovação do mandato do presidente executivo, Eduardo Bartolomeo, segundo a Reuters publicou à época com fonte. Mas o conselho decidiu também em março, por ampla maioria, manter o CEO no cargo apenas até o fim deste ano.
Atualmente, está definido que Bartolomeo vai apoiar a transição para a nova liderança no início do ano que vem e atuará como advisor até 31 de dezembro de 2025, segundo informou a Vale anteriormente.
A definição ocorreu após o governo ter feito críticas sobre os rumos da mineradora e ter dado sinais públicos de que buscaria influenciar na escolha de um novo executivo. O conselho da Vale, porém, tem competência exclusiva para decidir sobre a escolha do presidente da companhia.
Uma fonte próxima às discussões sobre a sucessão na Vale afirmou à Reuters na condição de sigilo que houve tentativas de desqualificar a carta de Penido desde então.
"A renúncia da Marie, que é conselheira independente, estrangeira, traz a carta ao valor presente. Esse é o dado. E escancara que você está com o conselho administrativo em crise grave", afirmou, na condição de sigilo.
Procurada sobre o tema, a Vale informou que não iria comentar.
A saída de Inkster disparou ainda uma necessidade da Vale convocar uma Assembleia Geral Extraordinária, uma vez que o número de conselheiros independentes no colegiado somará seis, abaixo dos sete exigidos pelo estatuto social da companhia. Sem a conselheira, o colegiado ficará com um total de 11 membros.
Em nota ao mercado, a Vale disse apenas que o colegiado "está trabalhando em sua recomposição e que, em momento oportuno, o conselho de administração da Vale convocará uma Assembleia Geral para deliberar a respeito de sua recomposição".
(Por Marta Nogueira)