Rio de Janeiro, 24 abr (EFE).- A economia brasileira registrou no primeiro trimestre de 2013 um déficit em suas transações com o exterior de US$ 24,858 bilhões, o maior para o período desde que o índice começou a ser medido em 1947, informou nesta quarta-feira o Banco Central.
O déficit em conta corrente no primeiro trimestre foi o dobro do mesmo período do ano passado (US$ 12,062 bilhões) e foi muito superior ao dos três primeiros meses de 2011 (US$ 14,631 bilhões), que era o maior até hoje, segundo os dados do órgão emissor.
No mau desempenho pesou especialmente o resultado de março, quando os recursos enviados ao exterior superaram os recebidos de fora em US$ 6,873 bilhões, valor igualmente recorde e o dobro do déficit de US$ 3,279 bilhões do mesmo mês de 2012.
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, atribuiu o déficit recorde do trimestre especialmente ao mau desempenho da balança comercial mas também ao aumento das remessas enviadas ao exterior por empresas multinacionais e às crescentes despesas dos turistas brasileiros fora do país.
Segundo Maciel, enquanto o Brasil registrou o primeiro trimestre do ano passado um superávit de US$ 2,419 bilhões, nos três primeiros meses deste ano as importações superaram as exportações em US$ 5,150 bilhões.
A crise econômica internacional reduziu a demanda por produtos brasileiros no exterior e, consequentemente, as exportações.
"Outro fator determinante é a remessa de lucros e dividendos, que no primeiro trimestre deste ano está US$ 12,7 bilhões acima de igual período do ano passado", explicou o funcionário.
De acordo com analistas, as subsidiárias no Brasil de empresas multinacionais vêm aumentando as remessas para suas matrizes para compensar os maus resultados provocados pela crise.
As despesas dos brasileiros no exterior chegaram ao recorde de US$ 6,022 bilhões no primeiro trimestre, acima dos US$ 5,381 bilhões do mesmo período do ano passado.
Por sua vez, o investimento estrangeiro direto no Brasil, que no geral financia o déficit em conta corrente, somou US$ 5,739 bilhões em março, frente a US$ 5,897 bilhões no mesmo mês do ano passado.
O investimento direto dos estrangeiros no primeiro trimestre ficou em US$ 13,256 bilhões, igualmente abaixo dos US$ 14,949 bilhões dos três primeiros meses de 2012.
O Banco Central prevê que o Brasil terminará este ano com um déficit em conta corrente recorde de US$ 67 bilhões e que o investimento estrangeiro direto chegará a US$ 65 bilhões.
A projeção representa que o déficit deste ano nas transações com o exterior superará com folga o recorde de 2012, que foi de US$ 54,246 bilhões, que foi atribuído à queda da demanda de produtos brasileiros no exterior pela crise. EFE