RIO DE JANEIRO (Reuters) - Empresas que atuam na indústria de plataformas e sondas de petróleo estão entre as que serão afetadas pelo novo corte de investimentos da Petrobras (SA:PETR4), anunciado na véspera, indicou nesta terça-feira o diretor-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Petróleo (Abespetro), Paulo Martins.
Ainda que não tenha feito um cálculo sobre o impacto da redução de gastos operacionais e investimentos de 18 bilhões de dólares projetada pela Petrobras, nos próximos dois anos, Martins indicou que o setor não sairá ileso do movimento do principal cliente do setor no Brasil.
A previsão de investimentos da Petrobras para este ano foi reduzida de 28 bilhões para 25 bilhões de dólares, e para 2016 de 27 bilhões para 19 bilhões de dólares. Já os gastos operacionais foram reduzidos de 30 bilhões para 29 bilhões de dólares este ano, e de 27 bilhões para 21 bilhões de dólares em 2016, informou a estatal em fato relevante.
"A gente tem no Brasil um cliente dominante (Petrobras)... Toda e qualquer variação ou redução dos investimentos (desse cliente) afeta a indústria", afirmou ele a jornalistas, durante evento na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
O diretor-presidente da Abespetro evitou fazer comentários mais aprofundados sobre o tema e alegou que a petroleira estatal não detalhou como o corte de investimentos deve influenciar na realização dos seus projetos.
A Abespetro possui 48 empresas associadas que atuam no segmento de plataformas e sondas, plataformas flutuantes (FPSOs), serviços, fabricação de equipamentos e embarcações. Entre as empresas associadas estão gigantes como a GE, Transocean (NYSE:RIG), Seadrill, SBM, entre outras, segundo informação do site da associação.
REIVINDICAÇÕES
Martins foi um dos representantes de 23 entidades ligadas ao setor de petróleo e gás que se reuniram nesta terça-feira, um dia antes de a União ofertar novos blocos de exploração de óleo e gás na 13a Rodada de Licitação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Eles se encontraram para apresentar ao mercado uma agenda mínima necessária para a retomada dos investimentos no setor.
As demandas, que serão apresentadas pelas entidades ao ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, em 13 de outubro, traz velhas demandas do setor, como a realização de leilões de blocos periódicos, o fim da obrigatoriedade da Petrobras como operadora única do pré-sal, mais agilidade para os licenciamentos ambientais, aperfeiçoamento das regras de conteúdo local, dentre outras questões.
Além da Abespetro, assinaram o documento entidades como o Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), e as federações das indústrias dos Estados do Rio e de São Paulo.
Questionados sobre qual a expectativa das entidades sobre a recepção do governo em relação ao documento que será apresentado, as entidades evitaram comentar e frisaram que o diálogo com a imprensa e com a sociedade se faz necessário para que o governo entenda a urgência das posições da indústria de petróleo.
Martins destacou que os representantes das entidades estão na indústria há pelo menos 30 anos e que é "inadimissível" que o governo não ouça as avaliações da indústria de petróleo, que tem "capacidade´ para ajudar a situação do setor melhorar.
"E não existe nenhum ministro que esteja no mercado há 30 anos, que conheça óleo e gás há 30 anos", afirmou Martins.
O presidente do IBP, Jorge Camargo, destacou ainda a relevância das descobertas de petróleo e gás no Brasil e o potencial para sair da atual crise, caso decisões que as entidades avaliam serem corretas sejam tomadas.
Segundo Camargo, devem ser investidos do Brasil entre 20 bilhões e 25 bilhões de dólares no setor de petróleo em 2016, enquanto no mundo serão investidos 700 bilhões de dólares. Para ele, o Brasil tem potencial para triplicar esses investimentos.
(Por Marta Nogueira)