BRASÍLIA (Reuters) - O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos delatores de um esquema de corrupção na estatal, disse nesta terça-feira que enviou no passado, a pedido da própria Casa Civil, um e-mail a então ministra, Dilma Rousseff, apontando irregularidades indicadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em obras da petroleira.
Em declaração feita à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, que investiga irregularidades na estatal, Costa chegou a dizer que a situação relatada no e-mail o enojava.
"Eu fiz aquele alerta que nós estávamos com problema, esse foi o alerta que eu fiz, não fiz nenhum alerta de continuar no processo, eu não estava satisfeito com aquele processo", declarou Costa.
Ele negou que o e-mail tenha tido por objetivo influenciar para que eventuais irregularidades continuassem, diferentemente do que sugeriu a revista Veja em reportagem recente, que revelou a comunicação eletrônica.
Costa disse, no entanto, que o objetivo do e-mail era mostrar que "algumas coisas não estavam bem dentro da companhia".
O ex-diretor destacou ainda que ele não desrespeitou hierarquias ao enviar o e-mail para a Casa Civil, o que que foi feito em resposta a uma solicitação, e que o presidente da estatal à época, José Sergio Gabrielli, sabia da mensagem eletrônica.
Costa foi preso neste ano pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Passou seis meses detido em Curitiba, até aceitar acordo de delação premiada, na qual denunciou um suposto esquema de sobrepreço e corrupção na Petrobras que alimentaria os cofres de partidos políticos.
O ex-diretor disse ainda à CPMI que nunca conversou diretamente sobre corrupção na estatal com Dilma ou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Procurado, o governo afirmou que não vai se manifestar novamente sobre declarações dos ex-diretores na CPI. Além de Costa, o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró participou da sessão na CPMI.
Uma fonte do Palácio do Planalto afirmou que o governo nunca negou a existência de tal e-mail e que o depoimento não trouxe novidades.
Em nota após a publicação de reportagem pela Veja, o Palácio do Planalto afirmou que tomou medidas após receber informações sobre eventuais problemas na Refinaria do Nordeste, como o encaminhamento da matéria à Controladoria-Geral da União.
Posteriormente, segundo o governo, houve consenso sobre a viabilidade das regularização das pendências identificadas pelo TCU, assim como ficou decidido que a solução das pendências nas obras da refinaria seriam acompanhada.
Dessa forma, a Presidência da República decidiu pelo veto à paralisação da obra, argumentando que a avaliação de que as pendências levantados pelo TCU seriam regularizáveis.
(Por Leonardo Goy)