SÃO PAULO (Reuters) - A CPFL Energia (SA:CPFE3) está de olho nos movimentos do governo do Rio Grande do Sul para privatizar a elétrica CEEE, assim como em outras oportunidades, em meio a um apetite pela expansão no setor de distribuição de energia, disse o presidente da companhia, Gustavo Estrella, em teleconferência com investidores nesta quarta-feira.
A CEEE é responsável pelo fornecimento de eletricidade em parte do Rio Grande do Sul, onde a CPFL opera com a subsidiária RGE, e ainda tem ativos de geração. O governador do Estado tem falado em privatizar a companhia até meados de 2020.
"Obviamente, esse ativo tem uma localização geográfica que faz todo sentido para a CPFL. A gente vai, sem dúvida, olhar, caso o processo de privatização se inicie", disse Estrella, após pergunta de um analista.
Ele ressaltou ainda que a estratégia da CPFL passa pela expansão em negócios nos quais a companhia se vê como líder, o que inclui a área de distribuição e de geração renovável.
"A ideia é estar, no radar, olhando oportunidades de investimento em distribuição. A gente tem expectativa de que além da CEEE alguns outros ativos possam vir a mercado. E para cada um deles a gente vai ter um foco, uma análise, verificar se faz sentido para a companhia", afirmou o executivo, sem citar empresas.
Além da RGE, a CPFL possui distribuidoras que atuam no Estado de São Paulo, polo econômico e centro de consumo de energia no Brasil.
A CPFL, controlada pela chinesa State Grid, acaba de concluir uma oferta de ações (re-IPO) que movimentou 3,7 bilhões de reais, o que deixa a companhia preparada para buscar crescimento, acrescentou Estrella.
A empresa reportou na terça-feira lucro líquido de 574 milhões de reais no segundo trimestre, aumento de 27,4% ante o mesmo período do ano passado.
RENOVÁVEIS
Os recursos obtidos pela CPFL com o re-IPO serão utilizados pela companhia para adquirir a fatia de sua controladora State Grid em seu braço de geração limpa, a CPFL Renováveis, integrando as companhias.
A CPFL detém atualmente 53,18% da empresa de renováveis, contra 46,76% da State Grid.
"O mais importante no curto prazo é a integração da CPFL Renováveis no grupo CPFL Energia, isso já está acontecendo... a gente ainda está no processo de assinatura do contrato de compra e venda das ações hoje detidas pela State Grid e a ideia é que a gente conclua nas próximas semanas esse processo", disse Estrella.
A CPFL Renováveis opera usinas eólicas, de biomassa, pequenas hidrelétricas e solares com uma capacidade total de 2,1 gigawatts.
A State Grid, maior elétrica do mundo, passou a controlar a CPFL em 2017, após concluir a aquisição da fatia da Camargo Corrêa e fundos na companhia por mais de 14 bilhões de reais.
(Por Luciano Costa)