A CPFL Energia (BVMF:CPFE3) registrou lucro líquido de R$ 1,755 bilhão no primeiro trimestre deste ano, o que representa um aumento de 6,3% em relação ao reportado em igual etapa do ano passado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) consolidado do período alcançou de R$ 3,865 bilhões, alta de 9,5% na comparação anual.
Já a receita operacional líquida somou R$ 10,166 bilhões entre janeiro e março, montante 3,3% maior que anotado na mesma etapa de 2023.
Os resultados foram favorecidos, principalmente, pelo segmento de Distribuição, que responde por 65% do Ebitda da companhia e observou um forte crescimento do consumo de energia, em função das altas temperaturas. O Ebitda do segmento somou R$ 2,53 bilhões, alta de 9,5%.
Distribuição
Segundo a CPFL, a carga na área de concessão, líquida de perdas, subiu 5,1% no período, chegando a 19.419 gigawatts-hora (GWh). Já o mercado apresentou um aumento no volume de venda de energia de 5,3% em relação ao mesmo período de 2023, com destaque para os segmentos residência, com alta de 11,4%, e comercial, de 10,0%. Já a indústria apresentou um aumento de 2,2%, mostrando sinais de recuperação.
"Aqui tem um efeito de temperatura, temos tido meses mais quentes e essa segue a nossa expectativa - abril foi mais quente, maio provavelmente vai ser também, e pelo menos até junho a expectativa é de meses mais quentes do que a média, o que vai continuar pressionando o consumo pra cima. Mas, para além disso, percebemos que também tem uma mudança de hábito de consumo e uso mais intensivo de energia elétrica, que já temos observado a alguns trimestres", disse ao Broadcast Energia, o presidente da CPFL Energia, Gustavo Estrella.
Ele também classificou como "boa notícia" o desempenho da classe industrial, embora a alta tenha sido menos expressiva. "Não é um super crescimento, mas é uma reversão de tendência do que víamos nos trimestres anteriores, quando a indústria vinha patinando, com consumo negativo, e se olharmos abril e maio, segue na mesma direção, então a nossa expectativa é que a indústria vai recuperar e manter esse número positivo ao longo desse ano", afirmou.
Por outro lado, Estrella comentou que o forte crescimento do consumo na baixa tensão, associado a uma redução nas atividades de cortes de fornecimento como combate a fraudes e inadimplência, sazonal no início do ano (quando as equipes são redirecionadas para casos emergenciais causados pelos temporais) resultou em um aumento do nível de perdas e provisões para devedores duvidoso (PDD). A perda subiu de 8,4% para 8,8%, enquanto a inadimplência, medida pela relação PDD sobre receita de fornecimento, passou de 0,9% para 1,22%. "Acho que vai ser o desafio ao longo desse ano, não é um tema fácil da gente atacar e resolver no curto prazo", comentou.
Geração e Transmissão
O segmento de geração, segunda principal fonte de resultados para a companhia, teve um desempenho mais tímido, com alta de 1,9% no Ebitda do trimestre, na comparação anual, para R$ 955 milhões. No entanto, vale destacar que o segmento foi penalizado pela redução da geração eólica no período, que caiu 25% na comparação anual, passando dos 849 gigawatts-hora (GWh) registrados nos primeiros três meses de 2023 para 635 GWh, no início deste ano. Conforme explicou a companhia, os reajustes contratuais contribuíram para compensar a queda da produção.
Em transmissão, o Ebitda do trimestre foi de R$ 256 milhões, alta de 11,8% frente ao desempenho do primeiro trimestre do ano passado, enquanto na Comercialização o Ebitda alcançou R$ 118 milhões, alta de 214%, influenciada pelo retorno da volatilidade dos preços futuros da energia, que permitiu maior nível de atividade de trading.
Dívida e investimentos
A CPFL encerrou o primeiro trimestre com dívida líquida consolidada de R$ 25,5 bilhões, alta de 12,2% na comparação anual. A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou em 1,93 vez, alta de 0,23 em um ano.
Já os investimentos somaram R$ 1,094 bilhão entre janeiro e março, em linha com o desembolsado no mesmo período do ano passado. Desse total, 84% foram destinados aos negócios de Distribuição, para expansão e modernização das redes das quatro concessionárias do grupo. A companhia prevê executar R$ 28, 3 bilhões em investimentos até 2028.
"Estamos destinando recursos principalmente aos nossos segmentos de Distribuição e Transmissão para implementar novas tecnologias, sempre com foco no atendimento ao cliente, com qualidade e eficiência, e assegurar nossa receita futura", disse Estrella.