SÃO PAULO (Reuters) - A CPFL Energia (SA:CPFE3), controlada pela chinesa State Grid, vai avaliar ativos que deverão ser colocados à venda brevemente pela estatal gaúcha CEEE, disse a jornalistas nesta quarta-feira o presidente da empresa, André Dorf.
A CEEE comunicou na véspera que prepara um leilão para negociar participações minoritárias em empreendimentos de geração e transmissão de energia, avaliadas em quase 1 bilhão de reais.
"Vamos avaliar seriamente", disse Dorf, ao ser questionado sobre eventual interesse na aquisição dos ativos.
A CPFL é sócia majoritária em alguns dos negócios em que a CEEE pretende vender suas fatias, como as hidrelétricas Foz do Chapecó e Campos Novos, em Santa Catarina, com 855 megawatts e 880 megawatts em capacidade, respectivamente, e a Ceran, que opera três usinas hídricas no Rio Grande do Sul num total de 360 megawatts.
O processo de desinvestimento da CEEE, que acontecerá por meio de um leilão sem data definida, observará o direito de preferência dos atuais sócios, segundo informado anteriormente pela companhia.
Questionado sobre a possibilidade de a CPFL exercer o direito de preferência nos ativos em que tem participação, Dorf não quis entrar em detalhes.
"É muito cedo, mas temos interesse em avaliar (os ativos)", afirmou.
A CPFL possui uma capacidade instalada de geração de 3,28 gigawatts, dos quais 61 por cento provenientes de hidrelétricas.
POLÍTICA
O presidente da CPFL disse ainda que a companhia tem interagido com representantes das campanhas dos principais candidatos à Presidência da República e que espera que o próximo governo possa dar continuidade a um movimento de reforma da regulamentação do setor de energia iniciado pela gestão de Michel Temer.
Um projeto de lei com as propostas de mudanças na legislação setorial está em tramitação na Câmara, mas perdeu prioridade em meio a polêmicas sobre a privatização da Eletrobras (SA:ELET3), o que deixou a medida dependente do próximo governante.
"A questão agora é o marco regulatório, que precisa ser endereçado pelo próximo presidente", afirmou Dorf, para quem o projeto em andamento reúne pontos de convergência entre as empresas e especialistas.
"Acho pouco provável, quem quer que seja o eleito, que a gente tenha um redirecionamento completo (da política energética), um cavalo de pau", adicionou ele.
O executivo ainda defendeu que a prioridade para o próximo presidente no setor de energia deve ser a condução de um acordo para encerrar uma longa disputa judicial entre elétricas e governo em torno das regras do chamado "risco hidrológico" na operação de hidrelétricas.
A disputa judicial fez com que mais de 9 bilhões de reais ficassem em aberto na última liquidação financeira mensal de operações do mercado de eletricidade promovida pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), uma operação que promove pagamentos e recebimentos entre as empresas do segmento.
(Por Luciano Costa)