SÃO PAULO (Reuters) - A CPFL Energia (BVMF:CPFE3) não prevê um impacto tão prolongado das inundações no Rio Grande do Sul sobre os negócios de sua distribuidora gaúcha RGE que justifique um pedido extraordinário de reequilíbrio econômico-financeiro via tarifas, disseram executivos da companhia nesta sexta-feira.
"Nossa expectativa é de que a situação (de perda do consumo) se resolva nos próximos meses, não trará um impacto muito longo", afirmou Luís Henrique Ferreira, vice-presidente de Operações Reguladas, em teleconferência com investidores e analistas.
"Mas já estamos discutindo com Aneel, ministério, levantando todas as possibilidades daquilo que vai ser investido, dos custos, das perdas, tudo isso. Para que, se houver um impacto significativo, que a gente espera que não aconteça, a gente tenha espaço pra fazer isso".
A RGE distribui cerca de 65% da energia consumida no Rio Grande do Sul e está no momento sem fornecer eletricidade a milhares de clientes, principalmente por questões de segurança, uma vez que muitas áreas atendidas pela companhia seguem alagadas.
Questionado sobre impactos da situação no RS para o andamento das discussões com o governo sobre renovação das concessões de distribuição de energia, o CEO da CPFL, Gustavo Estrella, afirmou que o tema ficou "de lado", uma vez que as atenções agora estão totalmente voltadas ao apoio e reconstrução do Estado.
Segundo Estrella, as novas diretrizes para contratos de distribuição de energia deverão cobrar mais qualidade do serviço prestado pelas concessionárias, mas também olhar para a nova realidade de operação do segmento, que passou a conviver com eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.
O CEO da CPFL afirmou que, desde o ano passado, a companhia registrou 13 eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul.
"Tivemos chuva recorde de 100 anos em setembro, veio uma de mesma proporção em outubro, vem outra em janeiro e bate o recorde e vem essa agora. Essa tem sido a nossa realidade".
"De fato precisamos ter uma regulação que precisa se modernizar mas também se atentar a essa nova realidade de operação para que o setor continue sustentável no longo prazo", afirmou o CEO.
(Por Letícia Fucuchima)