Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A CPFL Energia (BVMF:CPFE3) encerrou o segundo trimestre com um lucro líquido ligeiramente menor que há um ano, mas segue com balanço saudável e com espaço para suportar novas oportunidades de investimentos no setor elétrico, disse à Reuters o CEO da companhia, Gustavo Estrella.
Ele ponderou, no entanto, que a companhia não vê no curto prazo perspectiva de desembolso relevante para aquisição de ativos ou novos projetos, o que levou a administração a aprovar uma distribuição adicional de dividendos de 903 milhões de reais, a serem pagos até o fim do ano.
A CPFL anunciou nesta quinta-feira um lucro líquido de 1,25 bilhão de reais referente ao segundo trimestre, 1,2% menor na comparação anual, refletindo principalmente a menor atualização monetária de ativos regulatórios.
Já o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do grupo alcançou 3,05 bilhões de reais, aumento de 7,2%.
Os resultados operacionais foram puxados pelo segmento de transmissão e geração, enquanto em distribuição a companhia viu um desempenho morno do consumo nas áreas de concessão de suas distribuidoras, com destaque negativo para a queda da demanda da classe industrial.
Apesar disso, Estrella destacou que o consumo das classes residencial e comercial mostrou melhora, mesmo em meio ao forte avanço da geração distribuída entre os consumidores, e que houve redução de 35% no índice de inadimplência do trimestre.
Dividendos e crescimento
A CPFL aprovou uma distribuição de 903 milhões de reais em dividendos, em adição aos 2,4 bilhões de reais referentes ao resultado de 2022 deliberados no início do ano, por não enxergar perspectiva de desembolso relevante para crescimento dos negócios no curto prazo, disse Estrella.
Segundo ele, hoje há uma limitação das oportunidades no "target" da companhia devido a um cenário desafiador para projetos "greenfield", tanto em geração -- dado os preços baixos e a sobreoferta de energia --, quanto em transmissão, com a elevada competitividade dos leilões espremendo os retornos dos ativos.
Já em distribuição, a companhia segue interessada na Coelce (BVMF:COCE5), distribuidora do Ceará colocada à venda pela Enel (BIT:ENEI), mas vê "incertezas" associadas ao processo, disse Estrella, sem detalhar.
"Hoje tem um cenário no mínimo desafiador para a gente avaliar um ativo do porte da Coelce", afirmou.
Ele ressaltou, porém, que boas oportunidades podem surgir e que, nesse caso, a empresa pode segurar dividendos e também aproveitar o espaço no balanço para novos financiamentos.
A CPFL encerrou o segundo trimestre com um índice de alavancagem de 1,72 vez, uma situação "confortável" para eventualmente suportar novas dívidas para aquisição de ativos, disse Estrella.
Sobre transmissão de energia, ele comentou que a CPFL segue estudando os lotes que serão oferecidos nos próximos leilões, mas ponderou que os projetos do certame de dezembro não se encaixam tanto na estratégia de investimento da companhia, mais focada em linhas de menor porte e em locais onde já atua.
(Por Letícia Fucuchima)