Por Marcela Ayres
SÃO PAULO (Reuters) - Os financiamentos imobiliários no Brasil subiram 3,4 por cento em 2014, frustrando expectativas iniciais de um avanço de 15 por cento, divulgou nesta quarta-feira a Abecip, associação que representa as entidades de crédito imobiliário e poupança.
O volume de recursos para aquisição e construção de moradias considerando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) somou 112,9 bilhões de reais no ano passado, ante 109,2 bilhões de reais em 2013, quando o crescimento anual havia sido de 32 por cento. Segundo a entidade, a média de crescimento do crédito ao setor entre 2003 e 2014 é de 45 por cento ao ano
"O que observamos foi deterioração de vários indicadores da economia brasileira no ano", afirmou o presidente da Abecip, Octavio de Lazari Junior, citando fatores como menor crescimento da economia, alta dos juros e diminuição da confiança do consumidor.
"Parece um crescimento pequeno, quase inexpressivo, mas ele é coerente com capacidade econômica que Brasil tem", afirmou Lazari Junior, pontuando que o resultado do crédito imobiliário não é exatamente o que a Abecip gostaria, mas ainda assim é considerado satisfatório dada a conjuntura do país.
A Abecip projeta que o crédito imobiliário no país crescer 5 por cento em 2015, a 119 bilhões de reais, ainda abaixo do patamar de 125,6 bilhões inicialmente projetado como alvo para o ano passado.
Questionado sobre a mudança para uma perspectiva de alta mais modesta nos próximos anos, Lazarini Junior afirmou que avanços de 30 a 40 por cento não vão mais se repetir.
"Quando a gente crescer muito vai ser 10 a 12 por cento", disse o presidente da Abecip, citando a dificuldade de ampliar uma base já robusta.
Sobre o aumento dos juros divulgado para a compra de imóveis na última semana pela Caixa Econômica Federal, ele avaliou que foi feito um realinhamento da taxa diante da alta da Selic, corrigindo uma distorção que existia no passado.
"Mercado imobiliário é mercado de disputas entre bancos", disse ele, acrescentando que agora as demais instituições vão competir em patamar de maior igualdade com a Caixa com relação aos juros cobrados aos mutuários.