SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - Credores da Oi (SA:OIBR4) se reúnem no Rio de Janeiro nesta terça-feira para votar sobre o plano de recuperação judicial da operadora, apesar de enxurrada de ações judiciais movidas por um importante acionista querendo impedir a votação.
A administração da companhia parece a caminho de obter apoio suficiente dos credores para reestruturar cerca de 65,4 bilhões de reais em dívidas após um ano e meio de negociações, no maior caso de recuperação judicial da América Latina.
Importantes credores manifestaram apoio ao plano, o que poderia dar a eles o controle da companhia por meio da troca de dívidas em ações. Outros, como o Banco Nacional de Desenvolvomento Social e Econômico (BNDES), cujo apoio é necessário para aprovação, têm sido mais cautelosos.
Para complicar ainda mais a questão, o influente acionista Nelson Tanure, cujo veículo de investimento Société Mondiale controla o conselho por meio de alianças, tem recorrido a tribunais e reguladores com queixas após um juiz removê-lo das negociações.
O que está em jogo no processo, que sofre com uma briga entre os acionistas, credores e o governo, é o futuro da operadora de linha fixa em mais de 2 mil das 5 mil cidades do país, que emprega mais de 100 mil brasileiros.
"O plano garante a longevidade da Oi e a manutenção de serviços de alta qualidade para clientes", disse o presidente da operadora, Eurico Teles, em comunicado na tarde de segunda-feira.
Sob o plano de reestruturação, credores como a Aurelius Capital Management e a Goldentree Asset Management podem trocar a dívida por até 75 por cento do capital da Oi. Investidores também injetarão 4 bilhões de reais na companhia.
Nos últimos dias, o Société Mondiale protocolou petições na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e na Justiça do Rio de Janeiro, entre outros órgãos. Uma das alegações é de que a decisão no fim de novembro de um juiz de remover o conselho do processo de negociação foi ilegal.
Eles também se queixam de que o plano não capitalizará a Oi suficientemente. Acionistas anteriormente propuseram planos com injeção de até 5,5 bilhões de reais.
Se as petições não resultarem em atraso da assembleia, os credores se reunirão às 11h (horário de Brasília). A reunião deve durar horas e pode se estender até quarta-feira.
(Por Gram Slattery)