RIO DE JANEIRO (Reuters) - A instabilidade econômica e política no Brasil está afetando as vendas da Cyrela (SA:CCPR3) Brazil Realty neste início de ano, levando a incorporadora a adotar uma postura mais cautelosa no curto prazo devido às incertezas.
Contudo, a empresa acredita que os cancelamentos de contratos de venda (distrados) já alcançaram o pico e prevê estabilidade neste indicador em 2016.
"Janeiro e fevereiro, que já são meses tipicamente difíceis devido a férias e Carnaval, foram reforçados pela insegurança econômica e política. A gente teve que batalhar muito para vender", disse em teleconferência com jornalistas o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Eric Alencar.
Ele não deu mais detalhes sobre o resultados de vendas no período, mas afirmou que é difícil prever o que vai acontecer no Brasil no curtíssimo prazo.
A companhia lançou três empreendimentos até agora no ano, informou Alencar, com o Valor Geral de Vendas (VGV) somados de 444 milhões de reais. No primeiro trimestre de 2015, a Cyrela fez nove lançamentos, com VGV de 463 milhões de reais.
"A tendência é só lançar produtos diferenciados. Lançar por lançar é prejuízo para o mercado, nós temos o estoque. É muito melhor vender estoque que já lançou do que lançar coisa nova", afirmou Alencar.
Ele acrescentou que a Cyrela tem se beneficiado da diversificação, com empreendimentos que vão da habitação social - onde existe demanda e crédito para o programa habitacional Minha Casa Minha Vida - ao alto luxo, segmento que tem expertise.
Em relação aos distrados, a Cyrela estima que devem permanecer estáveis em 2016 em relação ao ano anterior.
"O mercado já piorou. Agora estamos em um mercado ruim. Não existem indicadores que apontem para melhora, mas não há indicadores que apontem para uma piora", disse o executivo.
A Cyrela, que na véspera divulgou lucro líquido 35 por cento menor no quarto trimestre ante o mesmo período do ano anterior, a 98 milhões de reais, fez uma provisão por distratos de 21 milhões de reais no período.
(Por Juliana Schincariol)