Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - Apesar do novo capítulo de disputa no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), os papéis da Usiminas (BVMF:USIM5) e da CSN (BVMF:CSNA3) operam em alta nesta tarde, 22, seguindo as movimentações no mercado internacional.
Para Matheus Spiess, analista da Empiricus, isso mostra que o mercado está “desinteressado” no que seria uma “briga antiga” do setor.
Às 15h02, as ações da Usiminas sobem 0,78%, a R$ 7,79, enquanto as da CSN avançam 3,59%, a R$ 12,97. No mesmo horário, o Ibovespa ganhava 1,08%, a 113.141 pontos.
Em 2010, a CSN começou a comprar ações da Usiminas com a saída da Votorantim e da Camargo Corrêa. Em 2014, a CSN chegou a deter 17% de participação na concorrente, o que foi considerado excessivo.
Então o Cade decidiu que a CSN deveria vender essa participação até que ela ficasse com apenas 5% das ações da Usiminas em um prazo de 5 anos, mas o objetivo não foi alcançado. Houve então uma extensão de três anos no prazo, que novamente não foi cumprido.
Agora, o Cade emitiu um despacho em que dá prazo indeterminado para a CSN vender as ações que tem na Usiminas e que proíbe a empresa de exercer direitos políticos na concorrente.
Spiess afirma que a situação “parece estranha”, porque de certa forma, o órgão volta atrás em um entendimento que já havia sido definido e cria um contexto “similar ao que acontece na BRF (BVMF:BRFS3) e Marfrig (BVMF:MRFG3)”.
“Mas essa situação pode se tornar problemática do ponto de vista de concorrência, no setor de aço brasileiro. Quando a gente nas empresas desse setor no país, a gente pensa em Gerdau (BVMF:GGBR4), CSN e Usiminas. As duas empresas em questão possuem juntas mais de 70% do mercado, então nesse sentido, uma empresa exercer muita influência sobre a outra, que é o que a Usiminas alega, é ruim para a concorrência”, afirma Spiess.
O analista explica que o mercado reagir de imediato a esse novo despacho do Cade mostra que os investidores estão mais preocupados com o cenário macroeconômico do que com a disputa entre as duas empresas.
“O setor de metais deve passar por um grande estresse nos próximos meses, por causa do risco de recessão global, então o mercado deve acabar preferindo outras empresas do setor, como a Gerdau”, pontua.
Ainda assim, Spiess destaca que caso essa situação se desenvolva e a CSN realmente seja obrigada a vender a sua participação na Usiminas, então deve haver uma pressão vendedora sobre os papéis, mas que a intensidade desse movimento será decidida se a empresa terá ou não que pagar uma multa por descumprir as decisões anteriores.