Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A Cyrela (SA:CYRE3), uma das maiores construtoras do país, está otimista em relação ao próximo governo brasileiro e confiante de que as decisões tomadas pela empresa na crise a posicionaram para um novo ciclo de crescimento, disseram nesta terça-feira executivos da companhia.
"Percebemos o cliente e a sociedade mais confiantes e para dar o passo de assumir uma dívida de longo prazo é preciso isso", afirmou o diretor de incorporação do grupo, Piero Sevilla, em encontro com jornalistas no empreendimento Cyrela Haus by Yoo, um lançamento feito em parceria com o escritório de design londrino.
O executivo não citou o crescimento esperado para os lançamentos em 2019, mas revelou que os novos projetos se concentrarão em São Paulo, Rio de Janeiro e na região Sul. Em 2018, acrescentou Sevilla, a Cyrela conseguiu lançar mais empreendimentos do que o inicialmente estudado.
No acumulado do ano até setembro, os lançamentos subiram 30,8 por cento ano a ano, para 2,33 bilhões de reais, enquanto as vendas líquidas contratadas aumentaram 30,4 por cento, para 2,62 bilhões de reais, conforme balanço do terceiro trimestre divulgado pela companhia em 8 de novembro.
Além dos segmentos de luxo, alto e médio padrão em que tradicionalmente opera, a Cyrela planeja para o ano que vem novos projetos enquadrados no Minha Casa Minha Vida (MCMV) e financiados com recursos do FGTS.
No fim de setembro, a empresa criou a Vivaz para atuar no MCMV, lançando seu primeiro empreendimento sob a marca em Itaquera (SP). A Cyrela já desenvolvia projetos para o programa habitacional por meio de joint ventures com a Cury Construtora e a Plano e Plano, que continuam em andamento.
A estreia da Vivaz coincidiu com a entrada de outras incorporadoras com foco em médio e alto padrão no segmento de imóveis econômicos, incluindo a Eztec (SA:EZTC3), mas vem na contramão da gigante MRV (SA:MRVE3), que este ano retomou projetos financiados com recursos da caderneta de poupança.
De acordo com Sevilla, a Cyrela vem construindo desde o ano passado um estoque de terrenos (landbank) para o Minha Casa Minha Vida. "Talvez em breve (o segmento) pode ser metade do que lançamos junto com Cury e Planner", afirmou, referindo-se à soma dos projetos da Vivaz com os desenvolvidos por meio das joint ventures.
Questionado sobre a criação da Vivaz num momento em que o setor discute a limitação de recursos do FGTS para habitação popular, Sevilla reconheceu que o movimento veio tarde. "Dimensionamos mal e por isso acabamos entrando tarde no MCMV", afirmou.
Fora do residencial, uma das apostas da incorporadora é o Medplex, um projeto comercial exclusivamente desenvolvido para reunir consultórios, laboratórios e clínicas. A Cyrela já lançou cinco empreendimentos do tipo, sendo três no Sul, um em Campinas e outro em São Paulo.
Por volta das 17:20, as ações da Cyrela subiam 1 por cento, a 15,15 reais, enquanto o Ibovespa tinha variação positiva de 0,13 por cento. Em 2018, os papéis da construtora acumulam ganho de cerca de 19 por cento.