Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os dividendos da Petrobras (BVMF:PETR4) PETR4.SA no segundo trimestre já devem ser deliberados com base em nova regra, que ainda está em estudo e deverá levar em conta a prática de outras empresas globais do setor, afirmou nesta quarta-feira o diretor executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Sergio Leite.
O tema está atualmente em discussão por um grupo de trabalho na petroleira formado por 11 pessoas, após decisão do conselho de administração de que fosse analisado um aprimoramento para tais regras. A perspectiva é que os estudos sejam concluídos até o fim deste mês, para que sugestões sejam apreciadas pelo colegiado.
"É uma prerrogativa do conselho, mas tudo indica que os dividendos pagos no novo trimestre já vão ocorrer de acordo com a nova política de pagamentos de dividendos. Qual vai ser e com quais características, vai depender da deliberação deles", disse Leite, ao participar de café da manhã com jornalistas no Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes).
O tema vem sendo acompanhado de perto pelo mercado, após a Petrobras ter pago dividendos abundantes sob a gestão anterior, superando até os maiores produtores internacionais de petróleo, após a empresa reduzir investimentos ao longo dos últimos anos e vender bilhões de dólares em ativos para focar em áreas de alta produtividade no pré-sal.
"Houve mudança de gestão e direcionamento, a empresa estava preparada para ser vendida. Já que a decisão era vender, era interessante pagar muito dividendo.... se mostrar rentável e atrativa para que alguém viesse para fazer proposta", disse Leite.
"Com a nova gestão... e preocupação com o futuro da companhia, aliado com todo rumor que esse tema de dividendo causa, o conselho de administração decidiu que deveria ser feito o estudo", acrescentou.
A nova gestão da Petrobras suspendeu desinvestimentos para uma reavaliação e decidiu por elaborar planos de longo prazo para a companhia, considerando projetos além da exploração e produção de petróleo em águas profundas e para caminhar rumo à transição energética.
Em entrevista à Reuters nesta semana, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que as próximas distribuições da companhia deverão ser "mais ajustadas" a uma realidade em que a Petrobras "projeta e investe para o futuro".
Prates tem destacado que os investidores minoritários da Petrobras precisam apostar no longo prazo e entender que recursos que deixarão de ser distribuídos aos acionistas vão valer mais na mão da atual administração, que direcionará para projetos que trarão bons resultados.
Leite destacou ainda nesta quarta-feira que uma empresa de petróleo e energia, como a Petrobras, requer investimentos intensivos. "Não faz o menor sentido a Petrobras ser tratada como estacionamento, que é aquele tipo de negócio que tem pouco investimento a fazer", afirmou.
Diante do novo perfil, a companhia agora conta inclusive com uma diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade, liderada por Mauricio Tolmasquim.
Ainda no evento com jornalistas, Tolmasquim reiterou que a empresa poderá participar em parceria de projetos com foco em transição energética no exterior, como minoritária, para ganhar experiência, e avalia atualmente duas oportunidades em eólica offshore.
Ao mesmo tempo, a empresa participa de discussões e aguarda decisões do governo para o desenvolvimento regulatório que permitam novos projetos no Brasil, como hidrogênio verde, eólicas offshore, captura e injeção de CO2, combustíveis verdes, dentre outros.
(Reportagem adicional de Letícia Fucuchima)