Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O desaquecimento da economia e a alta do dólar reduziram drasticamente as importações de diesel feitas pelo Brasil em agosto, e o consumo menor do país está sendo suprido quase completamente pela produção interna, afirmou nesta quinta-feira o superintendente de Abastecimento da agência reguladora do setor de petróleo (ANP), Aurélio Amaral.
A conjuntura é completamente diferente dos últimos anos, quando a demanda era tão alta que, mesmo com as refinarias da Petrobras (SA:PETR4) no máximo da capacidade, o país precisava importar grandes volumes.
"Com o desaquecimento da economia, é natural que se reduza essa demanda, então praticamente a gente está atendendo a demanda com a produção interna", afirmou Amaral à Reuters.
Em agosto deste ano, as importações de diesel caíram 97 por cento ante julho e recuaram 95 por cento ante o mesmo mês de 2014, para 181.558 barris, segundo os últimos dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Em agosto, o país teve as importações mensais de diesel menos volumosas desde os 37.707 barris de maio de 2006, segundo a ANP.
Já no acumulado do ano até agosto, as compras externas caíram 25 por cento frente ao mesmo período do ano passado, para 32,221 milhões de barris.
A queda acentuada em agosto, na avaliação de Amaral, também teve a contribuição da desvalorização do real frente ao dólar. A moeda norte-americana já subiu mais de 40 por cento no ano e chegou a ser negociada acima de 3,90 reais nesta quinta-feira.
"A importação esteve mais firme no início do ano e no fim do ano passado em função de preços menores. Agora, mesmo o petróleo estando barato e o preço do diesel mais atrativo lá fora, você tem um dólar que está muito alto. Então isso faz com que essa diferença do preço se perca", explicou o superintendente da ANP.
Os preços menores haviam trazido um alívio para o caixa da Petrobras, que por muitos anos foi levada pelo governo federal a importar grandes volumes do insumo e vender por preços muito mais baixos no Brasil, diante das políticas de controle de inflação.
Amaral preferiu não fazer previsões sobre demanda e importações de diesel para os próximos meses, explicando que dependerá muito do comportamento do mercado e da economia.
COMPORTAMENTO DA DEMANDA
O diretor de Abastecimento do sindicato das distribuidoras no Brasil (Sindicom), Luciano Libório, afirmou nesta quinta-feira que as vendas de diesel devem recuar cerca de 3 por cento em 2015.
O Sindicom, que representa aproximadamente 80 por cento do mercado de distribuição de combustíveis automotivos no Brasil, havia dito anteriormente que o consumo de diesel terá a primeira queda anual desde 2009, com a redução da atividade econômica.
Segundo os dados mais recentes publicados pela ANP, o consumo de óleo diesel acumulou queda de 2,8 por cento nos sete primeiros meses deste ano. Em julho o combustível teve um recuo nas vendas de 4,35 por cento ante o mesmo mês de 2014.