A disparada do dólar ante o real foi o principal drive dos negócios no mercado de juros brasileiro nesta terça-feira. O intervalo intermediário da curva foi o mais sensível ao movimento, com avanço de mais de 15 pontos-base ante a véspera. Na parte mais curta, os ajustes foram mais comedidos, uma vez que, mesmo com as surpresas inflacionárias, o Banco Central caminha para o fim do ciclo de aperto monetário. Cautela adicional foi citada pelos agentes também devido à espera dos dados do IPCA-15 de abril, conhecidos na quarta-feira na abertura.
Os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 12,953% no ajuste de segunda-feira para 13,020% nesta terça-feira. O janeiro 2024 avançou de 12,572% a 12,710%. O janeiro 2025 saltou de 11,991% a 12,140%. E o janeiro 2027 pulou de 11,815% a 11,980%.
O pano de fundo do dia é o temor dos investidores quanto à inflação e à atividade global. Na semana que vem, é esperado que o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) dê uma dura resposta ao elevar as taxas de Fed funds.
Além disso, o mercado está sob tensão com possibilidade de surtos da covid-19 na China. A política de 'covid zero' do governo de Xi Jinping pode levar a uma nova rodada de lockdowns, encolhendo a produção de bens e gerando novas disfunções em cadeias produtivas.
Emergente mais líquido e alvo de fluxos fortes neste 2022, o Brasil acabou mais penalizado pela liquidação global. Seguindo a deterioração dos ativos de risco nos mercados globais, o dólar encostou nos R$ 5 no pior momento do dia, ao passo que a Bolsa brasileira encolheu mais de 2%. Ao fim, a moeda à vista terminou cotada a R$ 4,9905 (+2,36%) e o Ibovespa, em 108.212,86 pontos (-2,23%).
Na quarta-feira, logo na abertura, o mercado saberá os dados do IPCA-15 de abril. É esperada a maior taxa mensal desde fevereiro de 2003, com mediana de 1,82%, a partir de intervalo de 1,10% a 1,95%. O reajuste de preços dos combustíveis e a pressão nos alimentos devem pesar, segundo pesquisa do Projeções Broadcast.