Com o varejo de moda em plena corrida pela digitalização, empresas nativas digitais viraram alvo de disputa, com diversas marcas querendo comprá-las para pegar um atalho para o mundo online. O grupo Icomm, fruto da fusão dos e-commerces OQVestir e Shop2gether, já foi assediado por grandes varejistas, mas diz que, por enquanto, não está à venda e que seguirá sua trajetória de expansão com recursos próprios.
O presidente da companhia, Eduardo Kyrillos, um dos fundadores da Shop2together, loja online multimarcas focada em marcas de grifes, afirma que a companhia conseguiu dar tração ao seu crescimento andando com as próprias pernas, com injeção de recursos vinda dos sócios.
Agora, o horizonte é mais positivo principalmente pelo fato de a empresa ter chegado ao "breakeven", com receitas e despesas equilibradas. Logo, um movimento de consolidação não está na mesa.
"Obviamente, fomos abordados, mas ainda não vemos nenhuma operação estratégica que vai enriquecer nosso negócio. A operação está bem e achamos que a valorização será muito grande nos próximos 24 meses", frisa Kyrillos. Atualmente, as principais concorrentes da empresa são as plataformas Dafiti e Farfetch - a última vende importados, de valor médio mais elevado.
Crescimento
O Grupo Icomm tem hoje receita na casa de R$ 300 milhões ao ano e prevê dobrar de tamanho em três anos. Nessa linha de crescimento, poderá envolver a tentativa de atrair um investidor ou abrir o capital. Tanto a OQVestir quanto a Shop2together são lojas multimarcas focadas na classe A. Vendem 400 marcas, incluindo três próprias.
A companhia conseguiu surfar no incremento do e-commerce depois de um período em que precisou se reorganizar, principalmente após a fusão das duas plataformas, em 2017. "Demoramos 18 meses para acertar a casa após a fusão", comenta o empresário.
Para dar conta da necessidade cada vez maior de entregas rápidas nas vendas pela web, o grupo tem um uma operação própria, a Icomm Log, com entrega que pode ser feita no mesmo dia da compra em São Paulo. A companhia mantém um centro de distribuição na capital paulista.
Disputa
Especialista em varejo e fundador da consultoria Varese, Alberto Serrentino afirma que a moda é uma categoria no varejo em que existe espaço para especialização no meio digital e, por isso, o domínio acaba não ficando nas mãos apenas das grandes empresas.
"Quanto mais você sobe para o mercado premium, mais difícil fica para as grandes dominarem o mercado, porque a moda trabalha muito em cima de curadoria e com muito conteúdo atrelado ao produto, algo que é muito aderente ao trabalho de especialização", comenta Serrentino.
Como esse mercado ainda não é muito maduro e está em desenvolvimento, o especialista diz que os grandes estão cavando seu espaço, o que deve trazer dinamismo a esse mercado e um provável movimento de consolidação.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.