SÃO PAULO (Reuters) - Economistas de instituições financeiras veem cada vez menos aperto monetário no próximo ano, em meio ao cenário de atividade econômica cada vez mais fraca e inflação ainda elevada.
De acordo com a pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira, a projeção para a Selic ao final do próximo ano passou a 11,25 por cento, contra 11,5 por cento até então.
Esse movimento faz aproximar um cenário em que não haverá mais um novo ciclo de alta da Selic, hoje a 11 por cento ao ano. Para 2014, o Focus mostra que a mediana das estimativas para a taxa básica de juros permanece no atual patamar.
O único aumento em 2015, segundo o Focus, é previsto para acontecer em setembro.
O Top-5 de médio prazo, com as instituições que mais acertam as projeções, continua vendo a Selic a 11 por cento este ano e a 12 por cento no próximo, projeções inalteradas sobre a pesquisa anterior.
CRESCIMENTO
A perspectiva de menor aperto monetário vem com projeções cada vez mais baixas de crescimento econômico. Pela 17ª semana seguida, a estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano foi reduzida, para apenas 0,30 por cento, 0,03 ponto percentual a menos do que na semana anterior.
Para 2015 o cenário também piorou, pela segunda semana, a 1,01 por cento, sobre 1,04 por cento anteriormente.
Mesmo com a visão de atividade fraca, os especialistas consultados continuam vendo a inflação elevada. A projeção de alta do IPCA neste ano passou a 6,30 por cento e em 2015 a 6,28 por cento, contra 6,29 por cento em ambos os casos na semana anterior.
O Top-5 de médio prazo, por sua vez, calcula o IPCA em 6,31 ao final de 2014, 0,03 ponto percentual a mais do que o levantamento anterior, e em 6,40 por cento em 2015, sem alteração.
Para os próximos 12 meses, a perspectiva para a inflação subiu a 6,32 por cento, contra 6,28 por cento.
Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) acelerou a 0,39 por cento, chegando em 12 meses a 6,62 por cento, maior patamar desde junho de 2013 e estourando o teto da meta do governo --de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
O Focus mostrou também que os economistas elevaram suas projeções para o dólar na semana passada, a 2,34 reais, sobre 2,30 reais no levantamento anterior. Para 2015, a conta de 2,45 reais foi mantida.
Em setembro, até a última sexta-feira, o dólar já acumulava alta de quase 6 por cento sobre o real, com a cena eleitoral pesando sobre o humor dos mercados.
(Por Camila Moreira)