Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN (SA:CSNA3)) teve lucro líquido de 2,37 bilhões de reais no quarto trimestre, impulsionado por efeitos contábeis obtidos pela combinação de negócios de mineração, e confirmou nesta terça-feira que elevará seus preços de aço em 10 por cento a partir de abril.
Apesar do resultado trimestral positivo e do reajuste de preços, as ações da CSN operavam perto da estabilidade às 13:23, enquanto o Ibovespa exibia valorização de 1,45 por cento. Na mínima, mais cedo, os papéis da empresa chegaram a recuar 5 por cento.
Os números da CSN selaram o fim de uma fraca temporada de balanços do setor siderúrgico, que foi agravada por baixas contábeis diante da deterioração da economia nacional e do excesso de aço no mercado internacional. A Usiminas (SA:USIM5) teve prejuízo de 1,6 bilhão de reais no quarto trimestre, enquanto a Gerdau (SA:GGBR4) encerrou o período com resultado negativo em 3,17 bilhões de reais.
O procedimento contábil de combinação dos negócios de mineração da CSN por meio da criação da Congonhas Minérios no fim do ano passado gerou ganho de 2,9 bilhões de reais no resultado da empresa e um aumento patrimonial total para a companhia de 4,8 bilhões de reais.
Na criação da Congonhas Minérios, a CSN conseguiu aval de sócios asiáticos para unir a mineradora Namisa à mina Casa de Pedra e a ativos de logística.
A CSN teve geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 686 milhões de reais nos três meses encerrados em dezembro, queda de 32 por cento sobre o mesmo período de 2014. O grupo siderúrgico teve receita líquida de 3,68 bilhões de reais no período, recuo de 3,7 por cento na comparação anual. Analistas esperavam, em média, Ebitda de 642,6 milhões de reais para o quarto trimestre, com receita líquida de 3,988 bilhões de reais.
Diante da queda no Ebitda, entre outros fatores, a relação dívida líquida sobre Ebitda ajustado saltou a 8,2 vezes em dezembro passado ante 4 vezes no fim de 2014 e 6,6 vezes no fim de setembro do terceiro trimestre de 2015.
A CSN encerrou 2015 com dívida líquida ajustada de 26,5 bilhões de reais ante 18,9 bilhões em 2014.
Segundo o diretor executivo Paulo Rogério Caffarelli, a empresa espera forte redução de despesas de forma geral neste ano, o que deve ajudar na redução do endividamento. Ele, porém, não fez projeções nem deu detalhes, comentando que a CSN prossegue com o processo de venda de ativos, sem pressa.
"A ideia é que as vendas (de ativos) ocorram em prazo normal, em momento de crise pretensos compradores oferecem preços abaixo do justo", disse Caffarelli. "A desalavancagem é um conjunto de objetivos que a empresa está buscando em todos os segmentos. Queremos praticamente zerar nossa queima de caixa", afirmou.
Entre os ativos colocados à venda pela CSN está o terminal de contêineres Sepetiba Tecon, no Rio de Janeiro.
Sobre o mercado interno de aço, o diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, afirmou que a empresa precisa reajustar seus preços em 10 por cento "para ter margem", já que a diferença de valores da liga no Brasil e no exterior, ou "prêmio", está negativa atualmente. "O aumento é necessário", afirmou.
A Reuters publicou na semana passada que CSN e ArcelorMittal Brasil estavam preparando para o início de abril reajustes de preços de aços planos vendidos a distribuidores, depois que a Usiminas informou o setor sobre aumento de cerca de 10 por cento a partir do próximo mês.
Martinez comentou ainda que como o consumo aparente de aço no Brasil voltou ao patamar de 2007 e que a CSN tem se concentrado mais nas exportações, citando vendas nos Estados Unidos e no México.