SÃO PAULO (Reuters) - O grupo de medicina Albert Einstein anunciou nesta terça-feira a criação de um novo centro para pesquisa e tratamento de doenças ligadas ao câncer na cidade de São Paulo, projeto que deve ser inaugurado em 2025, após consumir investimentos da 1,2 bilhão de reais, incluindo desembolsos da construtora Bueno Netto.
O centro vai ampliar em 10 mil atendimentos por ano a capacidade do Einstein de tratamento de doenças vinculadas ao câncer, disse o presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Sidney Klajner.
As novas instalações também vão permitir o desenvolvimento de novos tratamentos, afirmou, citando atividades de pesquisa que incluem testes genéticos.
A base de profissionais especializados no tratamento da doença passará de 650 para 2.500 nos próximos anos, afirmou o Einstein, cuja meta é ter um dos 10 melhores centros de tratamento de câncer do mundo em cinco anos. Hoje, segundo ranking da Newsweek, o Einstein aparece na 16a posição.
"O cenário coloca a enfermidade (câncer) entre as principais causas de morte da população nos próximos anos, ao lado de doenças cardiovasculares, devido, principalmente, à maior longevidade", disse Klajner. "O número de novos casos no mundo deve praticamente dobrar nas próximas décadas e, para que tenhamos a oportunidade de no mesmo local desenvolvermos um centro de pesquisa e assistência, o Einstein vai criar um hospital exclusivo de oncologia."
Atualmente, o Einstein faz 25 mil atendimentos por ano em seus centros de oncologia e hematologia, que incluem um hospital em Goiânia, comprado em 2021, na primeira expansão física da entidade para fora do Estado de São Paulo.
O Einstein vai investir 400 milhões de reais no seu Centro Global de Cuidados e Terapias Avançadas em Oncologia e Hematologia. O complexo, com 160 leitos, 20 UTIs e 120 clínicas, será inaugurado no Parque Global, bairro de alto padrão entre as regiões nobres dos bairros Cidade Jardim e Panamby.
O restante dos recursos será aportado pelo Grupo Bueno Netto, que construirá o Parque Global. "Acreditamos que o retorno financeiro vem com produtos melhores", disse Adalberto Bueno Netto, presidente do grupo, comentando sobre a parceria com o grupo de medicina para o empreendimento que terá cinco torres de 47 andares, shopping center, faculdade e hotel. Segundo ele, mais de 80% das torres estão vendidas.
Bueno Netto disse que o Einstein vai alugar a preços de mercado por 10 anos, prorrogáveis por mais 10, a infraestrutura física, um espaço de 40 mil metros quadrados.
Klajner afirmou que o investimento do Einstein no centro, próximo ao hospital do grupo no bairro do Morumbi - que já abriga um centro de oncologia que será transferido para o novo complexo - será bancado com caixa próprio da sociedade beneficente e "algumas oportunidades de tomada de capital via empréstimos".
Questionado sobre o momento vivido pelo setor hospitalar do Brasil, marcado pela formação de grandes grupos verticalizados que têm crescido via aquisições, Klajner comentou que o Einstein vai manter seu modelo de sociedade beneficente e que os grandes negócios realizados no setor "estão sendo promovidos por organizações muito alavancadas, com fundos de investimento estrangeiro, e que muitas vezes não contemplam aquilo que nosso país precisa, que é trazer saúde e não trazer receita".